Molécula criada a partir de veneno da cascavel pode ser arma contra tumores

Por Rogerio Magno em 23/11/2021 às 11:46:20

Uma pesquisa feita por cientistas belgas e brasileiros possibilitou o desenvolvimento de uma molécula capaz de modular a coagulação sanguínea, tornando-se uma arma no combate a tumores. Chamada PEG-collineína-1, a molécula foi criada a partir do veneno da cascavel.

A partir do processamento de uma proteína existente no veneno, a equipe tornou a nova molécula mais estável no organismo humano e, ao mesmo tempo, resistente ao seu sistema imunológico.

Extração do veneno da cascavel no Instituto Butantan. Imagem: CARL DE SOUZA / AFP

“A técnica tem como objetivo manter a PEG-collineína-1 circulante no organismo por mais tempo, o que pode reduzir o intervalo entre as administrações caso se torne um medicamento”, explicou o farmacêutico bioquímico Ernesto Lopes Pinheiro Júnior, um dos autores do estudo, que foi publicado no International Journal of Biological Macromolecules. 

Eliane Candiani Arantes, professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FCFRP-USP), coautora do artigo, foi responsável por clonar o gene produtor da collineína-1 e, posteriormente, criou uma versão da levedura recombinante Pichia pastoris.

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Levedura recombinante consegue reduzir tumores

Depois disso, uma equipe supervisionada pelo Ph.D. em fisiologia Jan Tytgat, líder do laboratório de toxicologia e bromatologia e diretor do departamento de ciências biofarmacêuticas da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, testou a levedura recombinante em algumas estruturas biológicas presentes em tumores.

“Era algo improvável de dar certo, uma vez que a collineína-1 é considerada uma proteína grande e costumamos testar moléculas menores nos chamados canais iônicos, que são os alvos de alguns medicamentos contra o câncer”, relatou Eliane ao UOL. 

No entanto, o experimento foi bem-sucedido na redução de tumores, uma vez que a proteína interferiu positivamente na estrutura do canal para o potássio dos tumores, sendo capaz de reduzir drasticamente a sua superfície. Essa descoberta pode significar uma nova esperança no tratamento de certos tipos de câncer.

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Fonte: Olhar Digital

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