Líder de grupo que invadiu o congresso americano era informante do FBI

Por Rogério Magno em 28/02/2021 às 11:34:47


Foto: CNN

O líder do grupo de extrema-direita Proud Boys, Enrique Tarrio, admitiu que passou a ser informante do FBI e de outras agências depois de ser condenado em um caso de fraude federal. Agora, no entanto, ele diz que o FBI não é confiável e que usa indevidamente o seu poder como instituição.

Tarrio afirma que seus homens – e são todos homens – não foram violentos no dia da invasão do Capitólio. Ele diz que estão sendo acusados ?indevidamente ?de invasão e violação do congresso.

“O FBI e o DOJ [estão] usando os Proud Boys e os Oath Keepers para mostrar às pessoas que eles estão agindo”, argumenta Tarrio. “Eles precisam de uma cabeça para decepar. Eles precisam pendurar cabeças em estacas.”

Tarrio disse ainda que não se importa com o fato de os congressistas americanos terem sido aterrorizados por manifestantes no capitólio, em 6 de janeiro, enquanto trabalhavam.

“Não titubeio sobre pessoas que não dão a mínima para seus eleitores. Não vou me simpatizar com eles”, diz Enrique Tarrio.

Mais de uma dúzia de pessoas afiliadas ao grupo, que se autodenomina “chauvinistas ocidentais” foram acusadas de participação na invasão do congresso. A CNN sentou-se com Tarrio para ouvir se ele tinha alguma explicação ou justificativa para suas ações ou se mudaria o rumo de suas ações.

Ele dá respostas pontuais, mas depois acrescenta divergências.

O que ele não fez foi mudar de ideia sobre o papel que os Proud Boys desempenharam em 6 de janeiro ou seus sentimentos sobre a segmentação de membros do Congresso, apesar do lançamento de tantos vídeos incrivelmente violentos. O ataque deixou cinco mortos e dezenas de policiais feridos.

No dia seguinte ao ataque, Tarrio postou uma foto de membros da Câmara agachados e escondidos. “Quando o povo teme o governo, há tirania… Quando o governo teme o povo, há liberdade”, dizia a legenda.

Ele disse que estava citando Thomas Jefferson, embora não haja evidências de que o terceiro presidente tenha dito isso, de acordo com fundação que leva seu nome.

“Eles apoiam crianças bombardeando drones no Oriente Médio … [e] essas pessoas estão mortas. Se eles estão apenas se encolhendo porque um grupo de desajustados entrou no capitólio, não vou ser simpático”, disse Tarrio.

Ele absolve a multidão que havia batido às portas da Câmara e do Senado e que tentavam chegar até os que estavam lá dentro. “Não vou me preocupar com as pessoas cuja única preocupação é serem reeleitas.”

Foto: Shannon Stapleton/Reuters

Tarrio não estava no Capitólio em 6 de janeiro. Ele foi condenado a ficar longe de Washington, depois de ser preso na cidade dois dias antes da invasão, por ter queimado um banner do grupo Black Lives Matter, em dezembro, e por portar uma arma. Ele admitiu ambos os fatos.

O manifestante de extrema-direita diz repetidamente que não apoia o ataque ao capitólio, mas também não condena os agressores.

Não é tão simples, diz ele. “Acho que condenar é uma palavra muito forte.”

Tarrio diz que entende o que deixa as pessoas tão frustradas. Apoiadores de Donald Trump se sentiram demonizados após serem chamados de “deploráveis” e ficaram irritados com os protestos que se tornaram violentos em lugares como Portland e Minneapolis, além das restrições por conta do coronavírus e o banimento de sites populares de mídia social, diz ele. Alguns, embora não Tarrio, acreditam na mentira de que a eleição foi roubada.

Tarrio acredita que membros de sua organização se envolveram no momento, acrescentando que ele poderia ter feito o mesmo se estivesse lá.

Mas ele se mantém inflexível quanto à afirmação de que seu grupo nunca teve planos de invadir o Capitólio.

O líder dos Proud Boys diz ter provas de que seu grupo nunca teve más intenções na invasão do capitólio, em 6 de janeiro. Essas provas, diz ele, está nas comunicações internas nos dias, semanas e meses anteriores à invasão, e é diferente das mensagens públicas vistas no Parler ou Telegram.

Mas, em seguida, ele diz que não vai compartilhar essas provas, pelo menos, não ainda. Ele está esperando o momento certo em que terá o maior impacto a favor dos seus homens.

Ele confirma ter dito ao seu grupo para não usar as cores normais para o evento do dia 6 de janeiro. Mas, segundo ele, não era para fugir das autoridades, mas apenas para enganar os grupos antifascistas.

Ele diz que, depois do que aconteceu em 6 de janeiro, seu grupo está pensando em mudar algumas de suas táticas.

“Acho que agora é a hora de ir em frente e derrubar o governo, tornando-se o novo governo e concorrendo a um cargo”, diz ele.

CNN Brasil

Fonte: Blog do BG

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