AP Photo/Alessandra TarantinoO governo italiano bloqueou a exportação para a Austrália de uma remessa da vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford e a farmacêutica AstraZeneca.A decisão envolve 250 mil doses produzidas em uma fábrica da AstraZeneca na Itália.O país é o primeiro da União Europeia (UE) a usar os novos regulamentos do bloco, permitindo que as exportações sejam interrompidas se a empresa fornecedora das vacinas não cumprir as obrigações assumidas localmente.A AstraZeneca disse que fornecerá apenas 40% do acordado com Estados-membros da UE nos primeiros três meses do ano. A companhia disse estar enfrentando problemas de produção para justificar o déficit.Vacinas contra Covid: 4 problemas que explicam por que a União Europeia está atrasada na imunizaçãoEm janeiro, o então primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte disse que os atrasos no fornecimento de vacinas pela AstraZeneca e pela Pfizer são "inaceitáveis" e acusou as empresas de violarem seus contratos.A UE tem sido amplamente criticada pela lentidão do seu programa de vacinação. No esquema estabelecido em junho do ano passado, o bloco negociou a compra de vacinas em nome dos Estados-membros.Não houve nenhum comentário oficial sobre a ação italiana por parte da Austrália, da UE ou da AstraZeneca.A Austrália iniciou seu programa de vacinação na semana passada usando a vacina Pfizer. A vacinação com o imunizante da AstraZeneca está prevista para ter início na sexta-feira (5).O que a Itália diz?O governo italiano abordou a Comissão Europeia na semana passada para comunicar sua intenção de bloquear o embarque das doses.Em nota, o Ministério de Relações Exteriores do país explicou a medida, informando que havia recebido o pedido de autorização no dia 24 de fevereiro.Os pedidos anteriores foram autorizados porque incluíam um número limitado de amostras para pesquisa científica, mas o último, muito maior, foi rejeitado.O governo italiano explicou a medida dizendo que a Austrália não consta em uma lista de países "vulneráveis", que há uma escassez permanente de vacinas na UE e na Itália e que o número de doses era alto em comparação com a quantidade dada à Itália e à UE como um todo.O que representa o bloqueio?Em uma guerra pelas vacinas cada vez mais acirrada, este é um movimento importante de um dos pesos-pesados da UE.É a primeira proibição do tipo depois que os fabricantes tiveram de passar a pedir autorização para exportação ao país em que a vacina é produzida.O novo primeiro-ministro da Itália, Mario Draghi, figura influente na Europa como ex-presidente do Banco Central Europeu, argumentou em videoconferência com líderes da UE que as regras deveriam ser aplicadas com rigor.Ele estava furioso com as reduções da AstraZeneca de até 70% no fornecimento de doses em relação ao que foi contratado.Draghi está claramente determinado a mostrar que o seu país — e a UE — usarão todos os meios necessários para garantir a imunização de sua população.Como surgiu a briga com a AstraZeneca?A UE assinou um acordo com a AstraZeneca em agosto para a compra de 300 milhões de doses, com opção para mais 100 milhões.Mas, no início deste ano, a empresa relatou atrasos na produção em fábricas na Holanda e na Bélgica.Em vez de receber 100 milhões de doses até o final de março, espera-se agora que a UE receba apenas 40 milhões.O bloco acusou a empresa de violar o acordo. A comissária de Saúde da UE, Stella Kyriakides, afirmou que as fábricas da companhia no Reino Unido que produzem a vacina deveriam compensar o déficit.Kyriakides também criticou o presidente da AstraZeneca, Pascal Soriot, por dizer que o contrato previa que a empresa fizesse seu "melhor esforço" para entregar o que foi acordado, em vez de prever uma obrigação de cumprir um prazo para entrega de vacinas.Como resultado da disputa, a UE anunciou controles de exportação que começaram a vigorar em 30 de janeiro.Vídeos: Novidades sobre as vacinas contra Covid-19
G1