Pacientes são transferidos de hospital da Grande Natal por falta de oxigĂȘnio; familiares relatam desespero

Por Rogério Magno em 20/03/2021 às 15:01:04
Força tarefa foi montada entre manhã e madrugada para transferir pessoas de CearĂĄ-Mirim para outros municĂ­pios. Ambulância do Samu se prepara para transferir paciente do Hospital Municipal de CearĂĄ-Mirim, na Grande Natal, por falta de oxigĂȘnio.

Julianne Barreto/Inter TV Cabugi

A madrugada e a manhã de sĂĄbado (20) foi de apreensão para familiares de pacientes internados no Hospital Municipal Dr. Percilio Alves, em CearĂĄ-Mirim, na Grande Natal. Sem oxigĂȘnio suficiente para atender toda a demanda, a unidade precisou transferir pacientes para outras unidades de saĂșde do estado.

"Faltou oxigĂȘnio pela manhã e a madrugada toda. 30 pessoas aqui. Não tinha oxigĂȘnio. Passei a madrugada aqui na frente do hospital sem ter por quem chamar. Minha tia saiu entubada para MacaĂ­ba às 7h. Saiu daqui porque não tinha oxigĂȘnio", afirmou, chorando, o motorista ReneĂȘ ClĂĄudio Dantas, de 43 anos. A tia dele, Maria CĂ­cera, 59 anos, estĂĄ com Covid-19.

Motorista Reneé ClĂĄdio relata que hospital de CearĂĄ-MIrim teve problemas para garantir oxigĂȘnio para pacientes.

Julianne Barreto/Inter TV Cabugi

Ilma Cruz afirma que a cena era desesperadora no inĂ­cio da manhã. Ela chegou à unidade por volta das 4h, com o irmão, que precisava de internamento. Ambulâncias estavam na unidade, fazendo o transporte de passageiros. "Foi um desespero. Falaram que estava faltando oxigĂȘnio. O que podiam fazer, estavam fazendo. A culpa não é dos enfermeiros", afirmou.

Em entrevista à Inter TV Cabugi, a diretora do hospital, Jumaria Mota, afirmou que nenhum paciente ficou sem oxigĂȘnio, mas confirmou que os que estavam em estado mais graves e que usam mais gĂĄs foram transferidos para que o insumo não acabasse, pela alta demanda.

Diretora do hospital municipal de CearĂĄ-Mirim diz que consumo de cilindros de oxigĂȘnio triplicou durante pandemia da Covid-19.

Julianne Barreto/Inter TV Cabugi

A unidade funcionava com 3 cilindros de oxigĂȘnio para cada 5 horas, mas triplicou o consumo durante a pandemia. O hospital não é referĂȘncia para Covid-19, mas recebe pacientes com a doença, no municĂ­pio.

Segundo a Secretaria Estadual de SaĂșde, o Hospital Municipal Dr. PercĂ­lio Alves foi abastecido pelo fornecedor municipal no fim da manhã de sexta-feira (19), porém a quantidade estimada para durar até às 13h deste sĂĄbado, devido ao consumo elevado, durou apenas até as primeiras horas da manhã.

Ambulância transfere paciente por oxigĂȘnio insuficiente em hospital de CearĂĄ-Mirim, na Grande Natal.

Julianne Barreto/Inter TV Cabugi

"Diante do quadro, a Sesap articulou uma força-tarefa para remoção de sete pacientes, sendo seis em mĂĄscaras de alto fluxo de oxigĂȘnio e um recém-nascido. Quatro dos pacientes foram regulados para a rede estadual: hospitais Alfredo Mesquita, em MacaĂ­ba, Maria Alice Fernandes, em Natal, e Josefa Alves Godeiro, em João Câmara. Os outros dois pacientes foram encaminhados a unidade de pronto atendimento de Natal", informou a pasta.

A Sesap ainda disse que estĂĄ dando suporte diĂĄrio ao municĂ­pio de CearĂĄ-Mirim e outras cidades da região para abastecimento de oxigĂȘnio. "Desde o dia 16, foram enviados 31 cilindros a CearĂĄ-Mirim, dez a Guamaré e dois a Taipu, entre outras cidades em todo o estado".

SecretĂĄria Adjunta de SaĂșde do RN fala sobre falta de oxigĂȘnio no estado

Neste sĂĄbado (20), o governo do estado impetrou uma ação judicial requisitando que a White Martins, empresa responsĂĄvel por fornecer o oxigĂȘnio à rede estadual de hospitais, seja obrigada a acrescer em 25% o volume de gĂĄs fornecido, para ajudar os municĂ­pios potiguares que passam por dificuldade.

MunicĂ­pios enfrentam problema de abastecimento

Mais de 60 cidades do Rio Grande do Norte informaram que estão com dificuldades para comprar oxigĂȘnio no mercado. É o que aponta o Conselho de Secretarias Municipais de SaĂșde do RN (Cosems), que publicou o levantamento nesta sexta-feira (19). De acordo com o conselho, 117 municĂ­pios responderam ao questionamento entre os dias 17 e 18 de março - isso representa cerca de 70% das 167 cidades do estado. Desses, 54,2% sofrem para adquirir o oxigĂȘnio - 63.

A preocupação com o oxigĂȘnio acontece por conta da pressão sobre os leitos crĂ­ticos de Covid-19 e o aumento nos casos da doença. Segundo o Regula RN nesta sexta-feira, mais de 97% dos leitos crĂ­ticos do estado estavam ocupados. A fila tem mais de 130 pacientes no aguardo para ocupar um desses leitos. As UPAs em Natal também tem atuado com superlotação.

Sesap alertou Ministério da SaĂșde

Na sexta-feira (19), a Secretaria de Estado da SaĂșde PĂșblica (Sesap) disse que enviou um ofĂ­cio ao Ministério da SaĂșde, ainda na quarta (17), solicitando apoio para encontrar alternativas para o abastecimento de oxigĂȘnio nas unidades de saĂșde dos municĂ­pios diante do crescimento dos casos de Covid-19 que necessitam de atendimento hospitalar.

Apesar disso, a Sesap informou que os 16 hospitais sob gerĂȘncia da pasta que recebem pacientes da doença "seguem com abastecimento garantido regularmente pela empresa White Martins, seguindo o planejamento montado desde o inĂ­cio da pandemia em 2020 com investimento na melhoria na rede de gases".

Segundo a secretĂĄria adjunta de SaĂșde, Maura Sobreira, os hospitais estaduais que atendem pacientes com Covid-19 possuem tanques de gĂĄs. As principais dificuldades enfrentadas atualmente são pelas unidades municipais que usam cilindros.

Fonte: G1.RN

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