Índia sinaliza que pode atrasar novas entregas de vacina ao Brasil

Por Rogério Magno em 21/03/2021 às 12:02:29

O Instituto Serum da Índia já comunicou aos governos do Brasil, Arábia Saudita e Marrocos sobre possíveis atrasos que novos abastecimentos de vacinas sofrerão nas próximas semanas. A informação foi revelada pelo jornal Times of India. Procurado pela coluna, o instituto não desmentiu a informação. Mas disse que não faria qualquer tipo de comentário por enquanto. Já a Fiocruz indicou que recebeu uma comunicação oficial sobre o assunto no dia 4 de março.

Os indianos contam com a licença para a produção da vacina da Oxford/AstraZeneca e o fornecimento dessas doses ao Brasil foi alvo de uma intensa negociação ainda em janeiro. Naquele momento, o governo indiano acabou enviando doses primeiro a seus vizinhos, antes de fornecer a vacina para outros países. De acordo com a agência Reuters, que também noticia neste domingo o atraso, o Brasil já recebeu cerca de 4 milhões de doses dos indianos, contra 7 milhões no caso do Marrocos. Juntos, os três países que poderão ser afetados encomendaram um total de 20 milhões de doses.

No jornal indiano, um trecho de uma carta enviada para a Fiocruz revela o argumento usado pelo país asiático para justificar os problemas. O Instituto Serum explica que a entidade assinou “acordos adicionais com governos fora do escopo do acordo original de licenciamento com a AstraZeneca”. “Para atender a esses compromissos adicionais, começamos a expandir nossa capacidade de produção”, explicou.

“Lamentavelmente, um incêndio em um de nossos prédios causou obstáculos para a expansão de nossa produção mensal”, disse. O incêndio ocorreu em janeiro. Mas, naquele momento, o Serum garantiu que o incidente não afetaria nem sua produção e nem suas entregas globais. O Instituto Serum afirma que está trabalhando para expandir sua capacidade de produção, no país que é o maior produtor de vacinas do mundo.

Procurada, a Fiocruz confirmou que recebeu a comunicação. Mas insiste que essa informação já havia sido divulgada há duas semanas, quando a entidade explicou que ainda não recebeu um cronograma por parte dos indianos sobre a data da entrega das novas vacinas.

Um atraso na importação das vacinas, porém, não afeta a previsão de produção da Fiocruz – estimada em 20 milhões de doses mensais a partir de abril – já que a fabricação depende de insumos chineses, e não do Instituto Serum. Além dos compromissos internacionais, o governo Narendra Modi está sob forte crítica por estar vendendo ou doando mais doses de vacinas que o total distribuído domesticamente. O país é o terceiro em número de novos casos e mortes no mundo, superado pelo Brasil e EUA.

A informação do jornal Times of India é publicada poucos dias depois que o governo britânico indicou que poderia atrasar seu calendário de vacinação, também por conta de uma sinalização que recebeu dos indianos de que os prazos para o abastecimento teriam de ser modificados.

UOL

Fonte: Blog do BG

Tags:   Saúde
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