Tecnologia brasileira reduz em 80% a necessidade de pulmão artificial

Por Rogério Magno em 18/04/2021 às 07:16:41

Um tomógrafo por impedância elétrica desenvolvido pela empresa paulista Timpel ajudou médicos do Massachusetts General Hospital, em Boston, nos Estados Unidos, a reduzir em 80% a necessidade de pacientes com insuficiĂȘncia respiratória aguda e indicação de terapia de oxigenação por membrana extracorpórea (ECMO) serem submetidos ao tratamento. A terapia é popularmente conhecida como "pulmão artificial" e adotada em casos muito graves de covid.

No Brasil, o caso mais conhecido é o do ator Paulo Gustavo, que estĂĄ internado com a doença e passa pelo tratamento com ECMO.

Os resultados do estudo foram descritos em artigo publicado na revista Respiratory Care. "A equipe de resgate pulmonar desse hospital tem utilizado o equipamento que desenvolvemos desde 2016 e vem obtendo resultados espetaculares", disse Rafael Holzhacker, em palestra apresentada durante o webinar "Empreendedorismo cientĂ­fico e inovação em resposta à covid-19", realizado pela FAPESP com apoio do Global Research Council em 7.abr.2021.

O tomógrafo desenvolvido pela empresa teve apoio do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE). Faz a avaliação da resistĂȘncia à passagem de uma corrente elétrica (a impedância), que varia substancialmente à medida que o paciente inspira e expira. Ao atravessar o tórax e encontrar diferentes resistĂȘncias no percurso, a corrente elétrica indica a região dos pulmões por onde o ar estĂĄ circulando, fornecendo uma informação vital ao médico, em tempo real, à beira do leito.

Isso permite que equipes médicas monitorem ininterruptamente e de forma não invasiva a condição do pulmão de pacientes com insuficiĂȘncia respiratória. Desse modo, é possĂ­vel otimizar a ventilação mecânica com o objetivo de reduzir complicações e lesões pulmonares e evitar o prolongamento desnecessĂĄrio do procedimento.

"A ventilação mecânica é complexa, não intuitiva e apresenta vĂĄrios perigos que não são visĂ­veis à beira do leito. Além disso, as respostas dos pacientes são muito heterogĂȘneas", apontou Holzhacker.

A evolução dos pacientes durante a intubação é lenta e a estratégia de ventilação mecânica adotada em um caso pode não funcionar em outro.

"Por isso, é muito importante a equipe médica ter indicadores individualizados para visualizar a condição do pulmão de um paciente para realizar a ventilação mecânica adequadamente, com a finalidade de diminuir o tempo de dependĂȘncia e, consequentemente, os efeitos colaterais da intubação", afirmou Holzhacker.

UTILIZAÇÃO NOS EUA

Com o auxĂ­lio do equipamento, a equipe médica do Massachusetts General Hospital desenvolveu estratégias de ventilação mecânica individualizada para 15 pacientes com insuficiĂȘncia respiratória aguda internados na instituição e com indicação de ECMO.

Por meio de manobras de ventilação mecânica visualizadas por meio do tomógrafo, eles conseguiram que apenas dois dos 15 pacientes com indicação de ECMO fossem submetidos ao procedimento, em que o sangue do paciente circula fora do corpo, por meio de cânulas, passa pela bomba e membrana de um equipamento que funciona como um pulmão artificial e retorna oxigenado para o corpo.

"O ECMO é um dos Ășltimos recursos utilizados em uma UTI por ser caro e muito complexo, mas com a pandemia de covid-19 a necessidade dessa terapia foi multiplicada", disse Holzhacker.

A mesma equipe médica do hospital americano relatou em outro estudo, publicado no inĂ­cio de 2020 na revista Critical Care, ter conseguido também com base na ventilação mecânica individualizada visualizada através do tomógrafo desenvolvido pela Timpel reduzir pela metade o risco de morte de pacientes obesos e com insuficiĂȘncia respiratória aguda que necessitaram ser intubados.

*Elton Alisson | AgĂȘncia Fapesp

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Tags:   Saúde
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