Nicarágua detém mais 5 opositores ao regime de Daniel Ortega

Por Rogerio Magno em 14/06/2021 às 09:36:34
Ao menos dez políticos de oposição – incluindo pré-candidatos – já foram presos a cinco meses das eleições presidenciais. Detenções ampliam desconfiança sobre regime nicaraguense Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega (dir.), sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo (esq.) e filha Camila Ortega (cen.) em celebração dos 40 anos da revolução sandinista, foto de junho de 2019

Inti Ocon/AFP

A polícia da Nicarágua prendeu mais cinco opositores ao regime de Daniel Ortega no domingo (13), informaram as autoridades locais.

Com mais essas prisões, ao menos 10 políticos da oposição foram detidos a cinco meses das eleições presidenciais, entre eles pré-candidatos.

As prisões aumentam a desconfiança sobre o governo de Ortega que vem recebendo críticas da comunidade internacional.

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O dia começou com a detenção da ex-guerrilheira Dora María Téllez – uma das vozes mais críticas do governo de Daniel Ortega – e de Ana Margarita Vigil Guardián, ambas dirigentes da opositora União Democrática Renovadora (Unamos, da dissidência sandinista).

Poucas horas depois foram detidos a presidente do Unamos, Suyen Barahona Cuan, e seu vice-presidente grupo, o general da reserva e dissidente sandinista Hugo Torres.

E durante a noite foi detido o ex-vice-chanceler e agora dissidente Víctor Hugo Tinoco.

Tinoco é um sociólogo de 68 anos com uma longa trajetória na luta sandinista desde 1973, quando se integrou à guerrilha.

Ele participou em vários processos de negociação entre os sandinistas e os grupos de ex-rebeldes Contra para acabar com a guerra civil durante a revolução dos anos 1980.

A polícia disse que os detidos "estão sendo investigados por praticar atos que atentam contra a independência, a soberania e a autodeterminação, incitar a ingerência estrangeira nos assuntos internos", entre outros crimes, segundo nota da instituição.

Em dezembro do ano passado, a Nicarágua aprovou a polêmica "Lei de Defesa dos Direitos do Povo à Independência, Soberania e Autodeterminação para a Paz", que pune com prisão aqueles que promovem a intervenção estrangeira.

Téllez e Vigil pertencem a Unamos, formada por dissidentes sandinistas, antes conhecida como Movimento de Renovação Sandinista (MRS, centro-esquerda).

A prisão dessas líderes da oposição ocorreu depois que a tropa de choque da polícia invadiu suas residências em Manágua e permaneceu por várias horas.

A polícia informou que elas serão investigadas e, se necessário, encaminhadas "às autoridades competentes para seu julgamento e determinação das responsabilidades penais".

Téllez, de 65 anos, foi uma das comandantes das frentes guerrilheiras que lutaram contra a ditadura de Anastasio Somoza na década de 1970, e também ministra da Saúde durante a revolução sandinista nos anos 1980.

Em 1995, ajudou a fundar o MRS com dissidentes sandinistas, hoje Unamos, que faz parte da plataforma de oposição ao governo Ortega, no poder desde 2007.

Na noite de sábado, a opositora Tamara Dávila, da Unidade Nacional Azul e Branca (UNAB), também foi detida em sua casa para ser investigada por "praticar atos que comprometem a independência, a soberania", informou a polícia.

Pelo menos uma dúzia de líderes da oposição, incluindo quatro importantes pré-candidatos à presidência, foram presos pela polícia desde 2 de junho a pedido do governo de Ortega.

Com informações da AFP

Fonte: G1

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