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Em duro relatório, a Human Rights Watch documenta abusos do regime Ortega e pede intervenção do Conselho de Segurança da ONU. Presidente da Nicarágua, Daniel Ortega (dir.), sua esposa e vice-presidente Rosario Murillo (esq.) e filha Camila Ortega (cen.) em celebração dos 40 anos da revolução sandinista, foto de junho de 2019Inti Ocon/AFPRepresentante da Aliança Cívica pela Justiça e Democracia, Constanza Gutiérrez (pseudônimo) foi presa em casa por seis policiais. Na delegacia, soube que era acusada de mandar uma ameaça anônima para matar um policial. Quando se recusou a dar a senha de seu celular, foi obrigada a ficar nua, assediada por policiais que a filmavam. Assim permaneceu, numa cela fria, por 48 horas, alimentada com comida estragada, como relatou à Human Rights Watch. Governo da Nicarágua prendeu 13 políticos da oposição nas últimas duas semanasEm que país? Nicarágua, onde, a menos de cinco meses das eleições, opositores, jornalistas e ativistas de direitos humanos são alvos permanentes de perseguições e detenções arbitrárias pela polícia comandada pelo presidente Daniel Ortega. Enquanto deixa o caminho livre para assegurar o quarto mandato, ele mantém presos cinco pré-candidatos presidenciais, entre eles três ex-guerrilheiros considerados heróis da revolução sandinista que derrubou a ditadura Somoza. LEIA TAMBÉMNicarágua detém mais 5 opositores ao regime de Daniel OrtegaPolícia da Nicarágua prende 5º pré-candidato à presidênciaO regime de Ortega se escora em duas leis aprovadas recentemente, que facilitam a inabilitação de candidatos da oposição. Investigados por supostamente defender sanções e receber doações do exterior, são tachados de traidores da pátria e impossibilitados de concorrer às eleições. Num sólido relatório de 37 páginas, produto de 53 entrevistas, a Human Rights Watch documenta violações e apela ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a acionar o Conselho de Segurança, diante da deterioração da situação no país e o sequestro político dos adversários de Ortega. “O que vivemos hoje na Nicarágua é absolutamente inédito na América Latina nos últimos 30 anos”, atestou o diretor da divisão HRW Americas, José Miguel Vivanco.A pressão internacional foi renovada pelos EUA. O Comitê de Relações Exteriores dos EUA, por sua vez, aprovou um projeto de lei que prevê mais sanções ao regime, incluindo a expulsão da Nicarágua do Acordo de Livre Comércio da América Central. Alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a ex-presidente chilena Michelle Bachelet denunciou o agravamento, “de forma alarmante”, da crise no país e recebeu o respaldo de 59 países, que exigiram, em comunicado, a libertação dos cinco pré-candidatos que desafiam o presidente. No que diz respeito aos abusos perpetrados pelo regime comandado por Ortega e sua mulher Rosario Murillo, tudo é superlativo. O governo domina as instituições estatais e consolida o controle sobre o processo eleitoral, disseminando táticas de intimidação e medo sobre a população, e centralizando o poder na dinastia de sobrenome Ortega.Veja os vídeos mais assistidos do G1