Covid: estudo da Fiocruz aponta maior risco de contaminação em terminais de ônibus

Por Rogerio Magno em 01/07/2021 às 16:36:50

A crença de que as pessoas estão mais expostas a contraírem o novo coronavírus (Sars-CoV-2) no transporte público acaba de ganhar respaldo científico. Um novo estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Pernambuco – que recolheu amostras de superfícies situadas em vários pontos do Recife para identificar a presença desse vírus, causador da covid-19 – concluiu que os lugares com maior risco de contaminação são os terminais de ônibus, com 48,7% das amostras positivas, seguidos dos arredores de hospitais (26,8%).

O artigo completo, intitulado Widespread Contamination of Sars-CoV-2 on Highly Touched Surfaces in Brazil During the Second Wave of the Covid-19 Pandemic, que está disponível em preprint na plataforma Medrxiv de artigos científicos (em inglês).

De acordo com a Fiocruz, para essa investigação, foram coletadas 400 amostras de superfícies muito tocadas por diferentes usuários, como maçanetas, torneiras, vasos sanitários, interruptores de luz, leitores de biometria, catracas, corrimão de escadas, entre outros, em diversos pontos da capital pernambucana.

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Os lugares foram selecionados por atenderem a duas condições: grande fluxo e alta concentração de pessoas; e organizados em seis grupos: terminais de passageiros, unidades de saúde, parques públicos, mercados públicos, áreas de praia e centro de distribuição de alimentos. As amostras foram submetidas ao exame padrão ouro para detecção do novo coronavírus, o RT-qPCR.

Amostras

Do total de amostras obtidas, foi confirmada a presença do Sars-CoV-2 em 97 (24%). Quase metade delas foram recolhidas em terminais integrados de ônibus (47 amostras positivas ou 48,7%), onde as superfícies com maior índice de contaminação foram os terminais de autoatendimento e os corrimões.

O pesquisador da Fiocruz Pernambuco e coordenador do estudo, Lindomar Pena, ressalva que não foi detectado vírus ativo nos exames. “Porém em algum momento ele esteve ativo naquele local, o que demonstra serem ambientes onde há mais gente infectada circulando”, explica.


Gráfico de maior contaminação por local e por tipo de superfície / Fiocruz

As áreas próximas às unidades de saúde ficaram em segundo lugar, com 26,8 % das amostras positivas. Seguidas dos parques públicos (14,4%), mercados públicos (4,1%), praias (4,1%) e outros lugares (2,2%). O vírus foi encontrado predominantemente em banheiros, terminais de autoatendimento, corrimões, playgrounds e equipamentos de ginástica ao ar livre.

Superfícies

As coletas utilizaram ferramentas de georreferenciamento para situar os locais com exatidão. Outro aspecto contemplado pelos pesquisadores foi a classificação das superfícies pelo tipo de material. O vírus foi encontrado com maior frequência em superfícies metálicas (46,3%) e plásticas (18,5%).

“Tomados em conjunto, os resultados indicaram contaminação extensa por Sars-CoV-2 em superfícies públicas, sugerindo a circulação de pessoas infectadas nessas áreas e um risco potencial de infecção. Os resultados podem ajudar as autoridades de saúde pública a priorizarem recursos e estabelecerem políticas eficazes para conter a transmissão comunitária do Sars-CoV-2 nos pontos de controle críticos da Covid-19 identificados no estudo”, complementa Lindomar.

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Descontrole

O doutorando em Biociências e Biotecnologia em Saúde (BBS) na Fiocruz Pernambuco e autor principal do artigo, Severino Jefferson Ribeiro, ressalta a importância dos achados da pesquisa.

“Além desses resultados servirem como subsídio para as autoridades de saúde, este trabalho permitiu observar que a população não está seguindo rigorosamente as medidas voltadas para prevenir a transmissão do vírus. E infelizmente, isso acaba refletindo no que estamos vivendo atualmente com o aumento descontrolado do número de casos de Covid-19 no estado”, explica Jefferson.

Além dele, outros dois pós-doutorandos, cinco doutorandos e duas mestrandas da instituição participam da pesquisa, que conta ainda com a participação do pesquisador da Universidade de Glasgow (Escócia) Alain Kohl.

Fonte: Brasil de Fato

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