Justiça da África do Sul retoma julgamento contra ex-presidente Zuma após quase 2 semanas de tumultos

Por Rogerio Magno em 19/07/2021 às 14:44:15
Prisão do ex-presidente Jacob Zuma gerou onda de violência no país; cerca de 215 sul-africanos foram mortos em meio a violentos protestos e saques nos últimos dez dias. Jacob Zuma discursa perto de sua casa em Nkandla, na África do Sul, em 4 de julho de 2021

Rogan Ward/Reuters

A Justiça da África do Sul retomou nesta segunda-feira (19) o julgamento por corrupção contra o ex-presidente Jacob Zuma, preso há 10 dias, depois de quase duas semanas de tumultos que deixaram ao menos 215 mortos no país.

O político de 79 anos é acusado de se envolver em diversos escândalos de corrupção, e de um caso de subornos que teria acontecido há mais de duas décadas. A explosão de violência no país começou em 9 de julho, um dia depois de sua detenção por outro caso, de desacato.

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Nesta segunda, soldados e forças policiais foram mobilizados para o centro de Pietermaritzburgo, onde fica o tribunal que avalia o caso. A audiência acontece, no entanto, de modo virtual e foi transmitida pela televisão.

Por que a África do Sul vive uma onda de violência?

Apoiadores de Zuma foram acusados de promover o caos nos últimos dias, e o presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, chamou a situação de tentativa orquestrada de desestabilizar o país.

O advogado de Zuma, Dali Mpofu, disse que os incidentes dos últimos dias eram imprevisíveis e pediu, no sábado (17), que a audiência fosse presencial, ou adiada por "duas ou três semanas".

Homem foge de shopping com geladeira saqueada durante tumulto em Katlehong, na África do Sul, em 12 de julho de 2021

Siphiwe Sibeko/Reuters

Acusações contra Zuma

O ex-presidente deve responder por 12 acusações de fraude e corrupção vinculadas à compra, em 1999, de material militar de cinco empresas europeias de armamento, quando era vice-presidente.

Zuma é acusado de ter recebido mais de 4 milhões de rands (R$ 1,4 milhões na cotação atual), do grupo francês Thales. Esta foi uma das empresas que receberam grandes contratos por um valor global de quase US$ 3,3 bilhões (R$ 17,2 bilhões).

A empresa francesa de armamentos e defesa também é acusada de corrupção e de lavagem de dinheiro. Zuma e o grupo Thales sempre negaram as acusações.

Apesar dos vários escândalos de corrupção denunciados durante sua presidência, Zuma se mantém influente na polícia sul-africana, inclusive dentro do Congresso Nacional Africano (ANC), o histórico partido que governa o país.

Adiamentos anteriores

O julgamento foi adiado em várias ocasiões, após uma série de recursos apresentados pela defesa do ex-presidente. Na audiência anterior, em maio, Zuma se declarou inocente e, em seguida, o processo foi adiado.

Os advogados de defesa também exigem a renúncia do representante do Ministério Público, Billy Downer, por parcialidade. Downer pretende convocar mais de 200 testemunhas.

Zuma foi obrigado a renunciar em 2018, após a revelação de uma série de escândalos. Dois anos antes, um relatório devastador detalhou como irmãos empresários de origem indiana, os Gupta, saquearam recursos públicos durante sua presidência (2009-2018).

Fonte: G1

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