Governo da Califórnia processa Activision Blizzard por cultura de "assédio sexual constante"

Por Rogerio Magno em 22/07/2021 às 10:26:35

O Departamento de Trabalho e Moradia da Califórnia (DFEH) afirma que o renomado estúdio de jogos Blizzard Entertainment, assim como sua proprietária, a Activision Blizzard, criaram uma cultura de “assédio sexual constante” e discriminação baseada em gênero. De acordo com novo processo aberto na última terça-feira (20), até os “executivos do topo” estavam cientes e/ou envolvidos. Desde que o caso foi revelado, várias mulheres já se apresentaram para corroborar as acusações.

O relatório levantado foi apresentado no tribunal superior de Los Angeles e as acusações feitas pelo governo do estado, infelizmente, são várias, mas a principal giram em torno do fato de que a publisher de games discriminou as funcionárias em quase todos os níveis de emprego, “inclusive no que diz respeito a remuneração, promoções, responsabilidades de trabalho e condisções de rescisão”. Ainda é alegado que as lideranças da empresa não resolveram nenhuma das queixas e “nem tão pouco as preveniram no local de trabalho”.

“Funcionárias quase que universalmente confirmaram que trabalhar para os réus era o mesmo que trabalhar em uma casa de fraternidade, que invariavelmente envolvia funcionários do sexo masculino bêbados e sujeitando as funcionárias a assédio sexual (…) empregados do sexo masculino jogavam videogame durante o trabalho, brincavam sobre encontros sexuais, falavam abertamente sobre corpos femininos e faziam várias piadas sobre estupro“, diz parte do processo contra a Activision Blizzard.

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Activision Blizzard é processada por cultura de “assédio sexual constante”. Imagem: Piotr Swat / Shutterstock.com

Os documentos apontam que a produtora é acusada de fomentar uma cultura constante de “trabalho pervasiva”, típica de uma fraternidade. Supostamente, era prática comum os homens que trabalhavam no local “beberem enormes quantidades de álcool” e, em seguida, “andarem pelas dependências da empresa, procurando colegas para comportamentos inadequados”.

“As mulheres foram submetidas a inúmeros comentários e avanços sexuais, apalpadas, toques físicos indesejados e outras formas de assédio. Uma funcionária contou que funcionários do sexo masculino a abordavam no local de trabalho e comentavam sobre seus seios (…), faziam comentários depreciativos sobre estupro e, de outra forma, se envolviam em comportamentos degradantes. Esse comportamento era conhecido dos supervisores e, de fato, incentivado por eles, incluindo um chefe que encorajava abertamente um subordinado do sexo masculino a dormir com uma prostituta para "curar o mau humor'”, destaca um trecho do relatório.

O caso mais grave mencionado no processo realça a tragédia de uma funcionária da Activision Blizzard que foi vítima de assédio sexual intenso. Ela cometeu suicídio durante uma viagem de trabalho após, conforme as informações sobre o caso, um supervisor ter abusado dela com “itens sexuais inapropriados”. Alegadamente, uma semana antes após o incidente, funcionários homens compartilhavam entre si “nudes” da vítima em questão.

O processo legal exige “uma injunção” que force a publisher a cumprir com as leis de proteção de trabalho, assimo como a regularizar os salários não pagos e em atraso, ajustes monetários, e os benefícios que ainda não foram atribuídos às funcionárias da empresa.

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Em um (gigante) comunicado oficial, a Activision Blizzard respondeu às acusações, reforçando que é uma empresa “inclusiva e sem espaço para assédio sexual”. Sobre às alegações do processo, a empresa afirmou que muitos dos casos relatados “não passam de mentiras” e apelida o processo legal de “comportamento irresponsável de burocratas estaduais irresponsáveis que estão expulsando muitos dos melhores negócios do estado da Califórnia”.

Desde que o processo foi aberto, ao menos cinco ex-funcionários da Blizzard se apresentaram nas redes sociais para corroborar detalhes sobre o caso.

O DFEH da Califórnia ainda está envolvido em um grande processo de assédio sexual e discriminação contra a Riot Games, que inicialmente concordou em pagar US$ 10 milhões em indenizações antes do governo sugerir que deveria ser de US$ 400 milhões ou mais. Há também um caso contra a Ubisoft, que recentemente se envolveu em um enorme escândalo de abusos e ambientação de trabalho tóxico, cujas raízes podem remontar a uma década.

Fonte: The Verge

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Fonte: Olhar Digital

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