Como uma montanha-russa pode ajudar a compreender a enxaqueca

Por Rogerio Magno em 27/07/2021 às 18:17:59

Cientistas idealizaram uma técnica inusitada para investigar o motivo das pessoas sofrerem com enxaqueca: colocá-las em uma montanha-russa virtual. O estudo observou que aqueles que têm ataques fortes de dor de cabeça tendem a sentir mais enjoo e tontura quando se imaginam em alta velocidade nas alturas, sugerindo aos pesquisadores falhas na atividade cerebral. O estudo, porém, ainda está em andamento.

Segundo a Science Alert, um experimento não convencional, realizado por pesquisadores da Universidade de Hamburgo, na Alemanha, utilizou uma montanha-russa virtual para observar os estímulos cerebrais de pessoas que sofrem de enxaqueca, uma doença crônica.

Cerca de 15% da população mundial – mais de um bilhão de pessoas – sofrem com fortes dores de cabeça. Nesse sentido, os esforços para desvendar os ataques, e talvez encontrar uma cura, têm potencial para melhorar a qualidade de vida dessas pessoas.

A doença geralmente é associada a crises de enjoo, tontura e mal-estar, levantando hipóteses relacionadas a um funcionamento irregular do cérebro. A abordagem do experimento utilizando a montanha-russa virtual significa que varreduras neurológicas, detalhadas por fMRI (ressonância magnética funcional), podem ser executadas enquanto essas sensações estão ocorrendo.

Resultados dos pacientes com enxaqueca

Vinte pessoas com histórico de enxaqueca contínua (em média quatro crises por mês) foram convidadas para colaborar com a pesquisa. Outras vinte que não haviam experimentado esse problema também participaram para fins comparativos.

As experiências não causaram nenhum novo ataque de enxaqueca, mas 65% dos pacientes com a doença crônica relataram enjoo em comparação com 30% do grupo de controle. Essas percepções de náusea também duraram mais e foram mais intensas nos pacientes com a doença.

“Ao simular um passeio de montanha-russa virtual, nosso estudo descobriu que alguns desses problemas não são apenas ampliados em pessoas que têm enxaqueca, mas também estão associados a mudanças em várias áreas do cérebro”, disse o Dr. Arne May, neurologista da Universidade de Hamburgo e um dos autores da pesquisa.

Cérebro. imagem: Shutterstock
Experimento alemão utilizou uma montanha-russa virtual para desvendar a enxaqueca. Os resultados indicam irregularidade da atividade de algumas regiões do cérebro.

Os cientistas observaram aumento da atividade em cinco áreas do cérebro em pessoas com histórico de enxaqueca, incluindo duas partes do lobo occipital, que processa os estímulos visuais. Outra área onde encontraram atividade pronunciada das células nervosas foi nos núcleos pontinos, região que ajuda a regular o movimento e outras atividades motoras. Esse aumento da atividade pode estar relacionado à transmissão anormal de informações visuais, auditivas e sensoriais dentro do cérebro.

O estudo ainda está no início, mas os resultados relatados até o momento já tem potencial para levar a uma melhor compreensão clínica da enxaqueca. Os dados finais da pesquisa serão importantes para o desenvolvimento de tratamentos mais eficientes para a doença crônica.

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Fonte: Olhar Digital

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