PolĂ­cia Civil prende comerciante suspeito de amarrar e agredir homem no interior do RN

Por Rogério Magno em 17/09/2021 às 19:53:53
Após agressões registradas no Ășltimo sĂĄbado (11) e que viralizaram nas redes sociais, comerciante é preso em Portalegre. Homem tem pés e mãos amarrados e é agredido no interior do RN

O comerciante investigado por ter amarrado e agredido um homem quilombola no dia 11 de setembro em Portalegre, na região Oeste potiguar, foi preso no final da tarde desta sexta-feira (17). O delegado que acompanha o caso, Cristiano Gouveia, confirmou a prisão.

O caso chamou atenção nas redes sociais no inĂ­cio desta semana, com a divulgação de imagens que mostram o quilombola amarrado pelas mãos e pés, chorando e sendo agredido com chutes por outro homem, que segura a corda.

Os policiais civis da 4ÂȘ Delegacia Regional de PolĂ­cia (DRP) de Pau dos Ferros e da Delegacia Municipal (DM) de Portalegre cumpriram o mandado de prisão preventiva expedido pela Vara Única da Comarca de Portalegre, decorrente da suspeita da prĂĄtica do crime de tortura. A PolĂ­cia Civil informou ainda que as diligĂȘncias continuam em busca do coautor do crime, que se encontra foragido da Justiça do Rio Grande do Norte.

De acordo com as investigações, a vĂ­tima "foi submetida à violĂȘncia e grave ameaça, a intenso sofrimento fĂ­sico e mental, como uma forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de carĂĄter preventivo".

O comerciante jĂĄ respondia à Justiça do Rio Grande do Norte por injĂșria racial, em caso que teria acontecido em junho de 2020. A denĂșncia foi apresentada pelo Ministério PĂșblico em 2021 e acolhida pelo juiz Edilson Chaves de Freitas, da Vara Única de Portalegre, no Ășltimo mĂȘs de junho.

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De acordo com a denĂșncia oferecida pelo Ministério PĂșblico, o empresĂĄrio teria injuriado outro homem, usando palavras ofensivas relacionadas à cor da pele da vĂ­tima. "Nego safado" e "suma do meu comércio que nem de nego eu gosto" teriam sido algumas das ofensas proferidas e presenciadas por testemunhas.

As palavras teriam sido ditas durante uma discussão sobre a placa de um carro. Não houve novo andamento do processo na Justiça desde o recebimento da ação.

Investigação

Sobre o fato registrado no Ășltimo sĂĄbado (11), o Ministério PĂșblico do Rio Grande do Norte havia remetido o material recebido à PolĂ­cia Civil e determinado a abertura de inquérito policial. "Os fatos estão sendo investigados, jĂĄ estando o delegado presidente do inquérito colhendo depoimentos e imagens. Logo após o término da investigação, esse inquérito serĂĄ remetido para ao MPRN, que é titular da ação penal, para tomar as medidas necessĂĄrias", disse.

Homem tem pés e mãos amarrados e é agredido no interior do RN

Reprodução

Inicialmente, o caso havia sido registrado pelo próprio comerciante, na Delegacia de Pau dos Ferros. Ele relatou que o quilombola foi pego jogando pedras no seu comércio e o teria amarrado até a chegada da polĂ­cia.

Porém, após o vĂ­deo começar a circular nas redes sociais, os investigadores passaram a apurar o caso também como "tortura".

MPF repudia caso

Na quarta-feira (15), o Ministério PĂșblico Federal (MPF) do Rio Grande do Norte manifestou "indignação pelos atos de violĂȘncia praticados contra um quilombola da comunidade do PĂȘga, no municĂ­pio de Portalegre".

De acordo com a corporação, o homem negro, reconhecido como quilombola pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e pela Coordenadoria de PolĂ­ticas PĂșblicas de Promoção da Igualdade Social do Rio Grande do Norte (Coeppir), foi agredido e imobilizado, com seus punhos e pernas amarrados em uma corda.

"O Ministério PĂșblico Federal, ao tempo em que repudia os atos de violĂȘncia fĂ­sica e o tratamento desumano e degradante concedido ao quilombola de Portalegre/RN, acompanha, com atenção, o desdobramento da investigação criminal deflagrada na PolĂ­cia Civil do Rio Grande do Norte, e ressalta que outras medidas também estão sendo adotadas pela Procuradoria da RepĂșblica no MunicĂ­pio de Pau dos Ferros/RN, por meio de procedimento próprio, no âmbito da tutela coletiva", informou por meio de nota.

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Fonte: G1

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