Ele vai responder em liberdade pela suspeita da prĂĄtica do crime de tortura. Homem tem pés e mãos amarrados e é agredido no interior do RN
O comerciante investigado por ter amarrado e agredido um homem quilombola no Ășltimo dia 11 de setembro em Portalegre, na região Oeste potiguar, foi solto neste sĂĄbado (18), 24 horas depois de ter sido preso. A decisão foi da juĂza Mônica Maria Andrade. Ele vai responder em liberdade pela suspeita da prĂĄtica do crime de tortura.
As cenas de agressões chamaram atenção nas redes sociais no inĂcio desta semana. As imagens mostram o quilombola amarrado pelas mãos e pés, chorando e sendo agredido com chutes por outro homem, que segura a corda.
A prisão do comerciante ocorreu na sexta-feira (17). Policiais civis da 4ÂȘ Delegacia Regional de PolĂcia (DRP) de Pau dos Ferros e da Delegacia Municipal (DM) de Portalegre cumpriram o mandado de prisão preventiva expedido pela Vara Ănica da Comarca de Portalegre. De acordo com as investigações, a vĂtima "foi submetida à violĂȘncia e grave ameaça, a intenso sofrimento fĂsico e mental, como uma forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de carĂĄter preventivo". O outro investigado não foi encontrado.
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O comerciante jĂĄ respondia à Justiça do Rio Grande do Norte por injĂșria racial, em caso que teria acontecido em junho de 2020. A denĂșncia foi apresentada pelo Ministério PĂșblico em 2021 e acolhida pelo juiz Edilson Chaves de Freitas, da Vara Ănica de Portalegre, no Ășltimo mĂȘs de junho.
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De acordo com a denĂșncia oferecida pelo Ministério PĂșblico, o empresĂĄrio teria injuriado outro homem, usando palavras ofensivas relacionadas à cor da pele da vĂtima. "Nego safado" e "suma do meu comércio que nem de nego eu gosto" teriam sido algumas das ofensas proferidas e presenciadas por testemunhas.
As palavras teriam sido ditas durante uma discussão sobre a placa de um carro. Não houve novo andamento do processo na Justiça desde o recebimento da ação.
Homem tem pés e mãos amarrados e é agredido no interior do RN
Reprodução
Sobre o caso
Inicialmente, o caso havia sido registrado pelo próprio comerciante, na Delegacia de Pau dos Ferros. Ele relatou que o quilombola foi pego jogando pedras no seu comércio e o teria amarrado até a chegada da polĂcia. Porém, após o vĂdeo começar a circular nas redes sociais, os investigadores passaram a apurar o caso também como "tortura".
Na quarta-feira (15), o Ministério PĂșblico Federal (MPF) do Rio Grande do Norte manifestou "indignação pelos atos de violĂȘncia praticados contra um quilombola da comunidade do PĂȘga, no municĂpio de Portalegre".
De acordo com a corporação, o homem negro, reconhecido como quilombola pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e pela Coordenadoria de PolĂticas PĂșblicas de Promoção da Igualdade Social do Rio Grande do Norte (Coeppir), foi agredido e imobilizado, com seus punhos e pernas amarrados em uma corda.
"O Ministério PĂșblico Federal, ao tempo em que repudia os atos de violĂȘncia fĂsica e o tratamento desumano e degradante concedido ao quilombola de Portalegre/RN, acompanha, com atenção, o desdobramento da investigação criminal deflagrada na PolĂcia Civil do Rio Grande do Norte, e ressalta que outras medidas também estão sendo adotadas pela Procuradoria da RepĂșblica no MunicĂpio de Pau dos Ferros/RN, por meio de procedimento próprio, no âmbito da tutela coletiva", informou por meio de nota.
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