Servidor pĂșblico suspeito de participar de agressões a homem amarrado no RN Ă© preso apĂłs se apresentar à polĂ­cia

Por Rogério Magno em 22/09/2021 às 12:38:18
Homem era procurado pela PolĂ­cia Civil desde a Ășltima sexta-feira (17). Na delegacia, ele negou participação no caso. Homem tem pés e mãos amarrados e é agredido no interior do RN

O segundo suspeito de agressões contra um homem quilombola no dia 11 de setembro em Portalegre, na região oeste potiguar, foi detido nesta terça-feira (21), após se apresentar à PolĂ­cia Civil.

O caso chamou atenção nas redes sociais no inĂ­cio da semana passada, com a divulgação de imagens que mostram o quilombola amarrado pelas mãos e pés, chorando e sendo agredido com chutes por outro homem, que segura a corda.

Segundo o delegado Cristiano Gouveia, que comanda as investigações e confirmou a prisão na manhã desta quarta (22), o segundo suspeito é um servidor pĂșblico da prefeitura de Viçosa, que tinha um mandado de prisão em aberto.

Ele não tinha sido localizado na sexta-feira (17), quando a PolĂ­cia Civil deflagrou uma operação e prendeu um comerciante de Portalegre apontado como principal autor do crime.

O comerciante passou 24 horas detido e foi liberado após audiĂȘncia de custódia.

Ainda de acordo com o delegado, o homem preso na terça-feira (21), também passarĂĄ por audiĂȘncia de custódia nesta quarta-feira (22). Ele é apontado como co-autor do crime, porque teria segurado e amarrado a vĂ­tima.

De acordo com o delegado, o servidor pĂșblico foi à delegacia acompanhado de um advogado e negou as acusações, porém imagens de cĂąmeras de segurança confirmariam a participação dele.

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Investigação

De acordo com as investigações, a vĂ­tima "foi submetida à violĂȘncia e grave ameaça, a intenso sofrimento fĂ­sico e mental, como uma forma de aplicar-lhe castigo pessoal ou medida de carĂĄter preventivo".

O comerciante apontado como autor do crime jĂĄ respondia à Justiça do Rio Grande do Norte por injĂșria racial, em caso que teria acontecido em junho de 2020. A denĂșncia foi apresentada pelo Ministério PĂșblico em 2021 e acolhida pelo juiz Edilson Chaves de Freitas, da Vara Única de Portalegre, no Ășltimo mĂȘs de junho.

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Sobre o novo caso, o Ministério PĂșblico do Rio Grande do Norte informou que havia remetido o material recebido à PolĂ­cia Civil e determinado a abertura de inquérito policial. "Os fatos estão sendo investigados, jĂĄ estando o delegado presidente do inquérito colhendo depoimentos e imagens. Logo após o término da investigação, esse inquérito serĂĄ remetido para ao MPRN, que é titular da ação penal, para tomar as medidas necessĂĄrias", disse.

Inicialmente, o caso havia sido registrado pelo próprio comerciante, na Delegacia de Pau dos Ferros. Ele relatou que o quilombola foi pego jogando pedras no seu comércio e o teria amarrado até a chegada da polĂ­cia.

Porém, após o vĂ­deo começar a circular nas redes sociais, os investigadores passaram a apurar o caso também como "tortura".

Homem tem pés e mãos amarrados e é agredido no interior do RN

Reprodução

MPF repudia caso

Na quarta-feira (15), o Ministério PĂșblico Federal (MPF) do Rio Grande do Norte manifestou "indignação pelos atos de violĂȘncia praticados contra um quilombola da comunidade do PĂȘga, no municĂ­pio de Portalegre".

De acordo com a corporação, o homem negro, reconhecido como quilombola pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e pela Coordenadoria de PolĂ­ticas PĂșblicas de Promoção da Igualdade Social do Rio Grande do Norte (Coeppir), foi agredido e imobilizado, com seus punhos e pernas amarrados em uma corda.

"O Ministério PĂșblico Federal, ao tempo em que repudia os atos de violĂȘncia fĂ­sica e o tratamento desumano e degradante concedido ao quilombola de Portalegre/RN, acompanha, com atenção, o desdobramento da investigação criminal deflagrada na PolĂ­cia Civil do Rio Grande do Norte, e ressalta que outras medidas também estão sendo adotadas pela Procuradoria da RepĂșblica no MunicĂ­pio de Pau dos Ferros/RN, por meio de procedimento próprio, no Ăąmbito da tutela coletiva", informou por meio de nota.

Fonte: G1

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