Grupo de agricultoras ganha fábrica para produção de polpas de frutas em Mossoró: 'Realização'

Por Rogério Magno em 10/10/2021 às 09:08:06
Fábrica começou a funcionar em agosto e em setembro já foram entregues mais de 800 quilos de produtos. Antes, trabalho era feito em casa. Mulheres trabalham com a produção de polpa de frutas

Isaiana Santos/Inter TV Costa Branca

Um grupo de mulheres agricultoras do assentamento Mulunguzinho, na zona rural de Mossoró, na Região Oeste do Rio Grande do Norte, ganhou uma fábrica para trabalhar na produção de polpas de frutas.

"Decididas a Vencer" é o nome do grupo formado por 11 mulheres. Segundo Francisca Lourdes da Silva, uma das fundadoras e quem sugeriu o nome, essa denominação se baseia força de vontade de cada uma delas.

Agricultora desde criança, ela aprendeu a trabalhar no campo com os pais. Para Francisca, ver tudo isso, que antes era só um sonho e agora se transformou em realidade é uma alegria que não cabe no peito.

"Quando a gente chega aqui que a gente vê na despolpadeira, começa a sair a polpa e a gente começa a ensacar e a envasar? você ver tudo como está agora, pra nos é uma alegria grande", conta Francisca Lourdes da Silva.

O grupo de mulheres existe há mais de 20 anos e o trabalho sempre foi assim: uma ajudando a outra. Primeiro elas começaram com o plantio de hortaliças orgânicas, depois decidiram investir na produção de polpas de frutas.

Antes da fábrica, a produção era feita em casa. Mas o negócio deu tão certo que elas sentiram a necessidade de regulamentar a atividade. Foi quando começou a luta pela fábrica de polpas.

Primeira entrega foi de mais de 800 quilos de polpa

Isaiana Santos/Inter TV Costa Branca

"Como elas já tinham a experiência da produção de polpa foi o projeto que elas desenvolveram que agora se concretiza de uma forma bastante significativa, valorizando o trabalho das mulheres e a produção do semiárido, aqui no nosso estado", explica Ive Aliana Carlos, responsável técnica do Centro Feminista 8 de março.

A fábrica foi montada em junho deste ano com recursos do governo do RN, resultado de um acordo de empréstimo com o banco mundial por meio do projeto Governo Cidadão. O investimento está orçado em 592 mil reais. O convênio com a Rede Xique-Xique, associação que ajuda na comercialização de produtos da agricultura familiar, foi fundamental para a conquista do espaço.

A fábrica começou a funcionar em agosto e já forneceu o primeiro carregamento de polpas para o programa de aquisição de alimentos. No primeiro edital, dividido em duas entregas, elas conseguiram vender cerca de R$ 15 mil reais para o compra direta.

"Quando eu recebi o comunicado que ia sair nossa polpa para o compra direta, eu quase não acreditada, porque foi muita peleja, muitos sonhos pra ver nossa polpa no mercado. E chegou o momento que quando foi avisado, eu disse: "é brincadeira". Mas era verdade. Eu espero que não fique só nessa entrega, que venham muitas e muitas e que tudo venha a dar certo", falou a agricultora Maria Antônia da Silva.

A primeira entrega aconteceu no mês de setembro. Foram entregues 800kg de polpas de frutas nas escolas estaduais. A próxima remessa será de 500kg só de polpa de goiaba, totalizando 1.300kg ao Compra Direta. Mas a produção ainda deve atender a outros mercados.

"A gente já tem o consumidor que a gente entrega porta a porta. E agora a gente tem a realização de dizer que hoje nós não estamos mais só vendendo porta a porta. Estamos para um público muito maior", falou a agricultora Ivaneide Alves.

Próxima produção será de polpa de goiaba

Isaiana Santos/Inter TV Costa Branca

A responsabilidade de manter tudo dentro dos padrões de qualidade é de Ivaneide. Ela conta que a fábrica é uma adaptação a todo conhecimento que elas já tinham quando produziam em casa.

"Tenho a responsabilidade de ajudar para que saia uma polpa de qualidade, pra onde a gente chegar poder garantir que foi bem feita, que foi bem produzida e seguiu todos os trâmites. E uma coisa que a gente não tem medo de sair daqui e vender a qualquer outra pessoa, sem ter risco", disse a agricultora Ivaneide Alves.

Apesar de toda a experiência adquirida ao longo dos anos de produção caseira, elas foram treinadas para usar as máquinas e mesmo com tudo funcionando elas vão continuar sendo assistidas pelos próximos dois anos.

A Emater também vai oferecer assistência técnica nos quintais produtivos e auxiliar no processo de políticas públicas.

"O grande gargalo da produção da agricultura familiar sempre foi a comercialização e especificamente polpa de frutas, que tem que ser um produto certificado, pra elas é uma conquista muito grande. E pra gente é ótimo, porque a gente consegue inserir elas nas políticas públicas, de maneira correta, certificada e garante que esse recurso chegue ao agricultor familiar", falou Moacir Souza, técnico da Emater.

Esse é um exemplo de força e união de mulheres trabalhadoras do campo, que juntas conquistaram autonomia e sabem que com o apoio e dedicação de cada uma nunca estarão sozinhas.

"É uma geração de renda que chegou pra complementar a renda familiar. Só pra gente é um sonho que nós sempre sonhamos", disse Francisca Lourdes da Silva.

"Deus honrou a gente. Foi um grupo que sempre lutou e conseguiu", falou Maria Antônia da Silva, agricultora.

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Fonte: G1

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