Polícia divulga imagens de suspeitos de balear brasileiro em Chicago; jovem está consciente

Por Rogerio Magno em 12/10/2021 às 06:14:39
João Pedro, de 23 anos, chegou a achar que tinha morrido, e agora pede todos os dias para sair do hospital, diz sua mãe. Baleado na cabeça após carro onde estava ser perseguido por motociclistas, ele evolui bem e deve passar por cirurgia em algumas semanas para recolocar parte do crânio de volta. Polícia divulga imagens de suspeitos de balear brasileiro em Chicago

A polícia de Chicago divulgou imagens de câmeras de segurança, que mostram os homens que estavam nas motos que perseguiram o carro onde estava o brasileiro João Pedro Elisei Marchezani, de 23 anos, baleado na cabeça na madrugada de 5 de setembro.

O vídeo (assista acima) foi entregue a emissoras locais de TV, para que sejam exibidos, na esperança de que alguém reconheça essas pessoas e faça uma denúncia.

Consciente após exatos 30 dias de coma induzido, João Pedro só pensa em deixar o hospital, onde se recupera lentamente.

“Ele pede todos os dias para ir embora. Eu disse que isso só vai acontecer quando ele estiver bem, e ele me respondeu "mas eu já tô bem, mãe"”, diverte-se Monica Marchezani, que acompanha diariamente a evolução do filho e estava ao seu lado quando ele finalmente despertou.

Segundo ela, as primeiras palavras dele foram de choque: “mãe, eu achei que tinha morrido”.

Ainda confuso, ele se lembrava que levou um tiro na cabeça, mas não sabia como e nem onde isso tinha acontecido. João pensava, inclusive, que estava no Brasil, e ficou extremamente surpreso ao ser (re) informado de que a família mora há quatro anos nos Estados Unidos.

João Pedro Elisei Marchezani (centro), ao lado da namorada, de seus pais e do irmão mais novo

Monica Elisei Marchezani/Arquivo pessoal

Mônica diz que, aos poucos, ele recordou alguns detalhes, como o clarão no momento dos disparos, e da amiga que estava ao lado dele e da namorada no banco de trás do carro naquele momento (veja abaixo mais detalhes sobre o caso).

João já iniciou o tratamento de fisioterapia, que ainda não é diário por exigir muito dele fisicamente e provocar muitas dores.

“Ele sofre muito, mas pede para fazer mais, porque diz que se sente melhor depois. E acho também que porque quer melhorar mais rápido, ele realmente quer ficar bom logo, já me disse que queria levantar e andar "devagarzinho", pediu para que eu o ajudasse”, explica a mãe.

Os movimentos, porém, ainda são bastante restritos. Ele tem pouca coordenação no lado direito e não move o lado esquerdo do corpo. Também não enxerga direito: vê alguns pontos embaçados, intercalados à escuridão completa. Os médicos continuam dizendo que ainda é cedo para saber o quanto será possível ele se recuperar, se haverá algum tipo de sequela e qual sua possível extensão.

“A bala entrou pela parte mais alta da nuca. Entrou do lado esquerdo do cérebro e atravessou para o lado direito, onde se alojou. Quando o médico nos mostrou em uma tela a imagem do tamanho da lesão dele foi muito assustador, porque era muito grande. Achamos que ele nunca fosse acordar”, lembra Mônica.

Como os danos provocados pela bala fora muito abrangentes, João passou por uma cirurgia na qual praticamente metade do osso da parte superior de seu crânio (do lado direito) foi retirada e está sendo preservada, congelada. A previsão é de que, após seu cérebro se recuperar do inchaço e se livrar de resíduos que ainda estão no local, o osso seja recolocado, em um prazo de seis a oito semanas, se tudo correr bem.

João Pedro Elisei Marchezani no hospital, em Chicago, onde se recupera após ter sido baleado na cabeça

Mônica Elisei/Arquivo pessoal

Enquanto isso não acontece, o jovem usa um capacete especial, mas se queixa de muita dor na cabeça. Os médicos explicaram que a região está bastante sensível e ainda existem restos de pólvora e secreções que precisam ser expelidos.

“Mas meu filho é um milagre. Considerando o que aconteceu com ele, e o estado em que ele chegou ao hospital, ele agora fala comigo, conversa diariamente com o pai por telefone, e os médicos disseram que, se continuar evoluindo assim, em breve deve sair da ala de trauma para o setor de reabilitação”, resume Mônica.

Além da mãe e da namorada, que o visitam diariamente, João começou a rever outras pessoas depois de recobrar a consciência. Sua mãe diz que autoriza a entrada apenas de pessoas que ele pede para ver, e checa com rigor se elas foram vacinadas e estão sem qualquer sintoma de Covid.

“Há alguns dias ele recebeu a visita de um amigo que adora e ficou feliz demais, eu percebi a diferença só de olhar para ele. No próximo fim de semana o pai virá de Ohio, vai ser o primeiro encontro desde que ele acordou. Eles se falam diariamente, mas ele disse "estou com tanta saudade do meu pai, deve ser porque minha cabeça ainda está doente" e nos emocionamos demais. O pai chora todas as vezes, vai ser uma choradeira só”, antecipa a mãe.

A família continua ainda com a campanha para quem quiser colaborar com as despesas médicas de João Pedro, que não tem seguro. Além de um link no site GoFundMe, com a meta de US$ 300 mil, doações podem ser feitas através de PIX ([email protected] em nome de Renato Caron) ou de uma conta em nome do pai de João: Antonio Flavio Passos Marchezani CEF - AG: 3216 (OP:001) - C/C: 1157-7 CPF: 256.532.838-94

O ataque

João estava com a namorada e uma amiga no banco de trás do carro de um amigo, indo a um bar, na madrugada de 5 de setembro, quando o motorista percebeu pelo retrovisor que eles estavam sendo seguidos por um motociclista armado. Com medo de um assalto, ele desviou e “fechou” o condutor da moto.

Logo depois, o motociclista reapareceu, acompanhado de uma segunda moto, onde estavam dois homens. O passageiro da segunda moto, armado, disparou oito tiros contra o carro onde estava o brasileiro. Apenas João foi atingido, com uma bala que entrou pela nuca e atingiu seu cérebro.

De acordo com Monica, os jovens estavam comemorando o novo apartamento que João e a namorada tinham acabado de alugar para morarem juntos. Eles tinham passado a tarde comprando objetos para o local e seu filho tinha cozinhado antes de saírem.

Há dois meses, ela, o marido e um filho mais novo se mudaram para Cleveland, em Ohio, e João permaneceu em Chicago, onde estuda robótica. Mas o casal estava na cidade justamente para conhecer o novo lugar onde o filho iria morar.

Fonte: G1

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