Não foram os aliens: sinais de rádio de Proxima Centauri são "interferência humana"

Por Rogerio Magno em 26/10/2021 às 17:34:40

Sinais de rádio vindos de Proxima Centauri, a estrela que está mais perto da Terra, eram resultado de interferência causada por tecnologia humana, segundo especialistas, e não evidências de “tecnoassinatura alienígena”, como previamente especulado.

Leia também

Originalmente captados em 2019, os sinais empolgaram entusiastas da astronomia, que especularam tratar-se de ondas de rádio emitidas por tecnologia extraterrestre. A captação foi feita por telescópios apontados na direção de Proxima Centauri, localizada há quatro anos-luz da Terra e que serve de casa para pelo menos dois exoplanetas.

Dois novos estudos refizeram a análise do material e concluíram, porém, que a maior probabilidade é a de que os tais sinais de rádio sejam resultantes de um computador defeituoso: “é a interferência de rádio de alguma tecnologia feita por mãos humanas, provavelmente na superfície da Terra”, disse Sofia Sheikh, astrônoma da Universidade de Berkeley, na Califórnia, e co-autora dos dois estudos, à Nature.

Imagem mostra um radiotelescópio. Artefato é usado para identificar sinais de rádio de fora da Terra, como os que pensamos ser de Proxima Centauri
Telescópios de rádio monitoram os céus constantemente, em busca de sinais de rádio que possam vir de fora da Terra (Imagem: zhengzaishuru/Shutterstock)

Em um dos papers, Sheikh e sua equipe referem-se ao “BLC1” (nome atribuído ao sinal) como “um disparo contínuo de ondas de rádio” que durou em média cinco horas. Ele foi registrado durante uma pesquisa de aproximadamente 26 horas feita pelo telescópio Parkes Murriyang, na Austrália. Ele acabou se destacando de outros sinais pela sua duração e frequência incomuns.

Depois de varreduras seguintes não encontrarem novamente o BLC1 (ou sinais de rádio parecidos em Proxima Centauri), os cientistas voltaram aos dados primários da pesquisa, onde encontraram que seu próprio software que separa e classifica os sinais identificados – e que havia falhado na captura de diversos sinais antes e depois do BLC1 – era bastante similar, mas em uma frequência diferente.

No segundo paper, os pesquisadores descobriram que o BLC1 e todos os sinais parecidos com ele eram componentes da mesma fonte: algum emissor próximo à região do telescópio (em torno de algumas centenas de quilômetros de distância). O aparecimento dele durante aquelas primeiras cinco horas – e nunca mais depois – foi uma coincidência.

De acordo com Sheikh e equipe, provavelmente tratou-se de uma interferência causada por um smartphone ou computador com problemas – provavelmente, o objeto estava em conserto ou bastante danificado: “o alcance das frequências dentro do sinal eram consistentes com osciladores de relógios vistos normalmente em dispositivos eletrônicos digitais”, diz trecho do paper. Os autores planejam conduzir novos estudos para determinar a real origem dos sinais.

Casos parecidos ocorreram em 2011 e 2015, mas os sinais “alienígenas” eram apenas algumas pessoas requentando comida no microondas (sim, é sério). O caso de 2019, porém, chamou bastante atenção por tratar-se do primeiro sinal consistente identificado pelo projeto Breakthrough Listen, que “escuta” o espaço com vários telescópios de rádio ao redor do mundo. Apesar da falha, os cientistas afirmam que aprenderam bastante por causa dela, já que hoje eles têm uma noção bem mais apurada para identificar e classificar esses dados:

“É extremamente importante para nós fazermos esses testes”, disse à Nature Jason Wright, astrônomo da Universidade da Pensilvânia, que não está envolvido nos estudos. “Precisamos desses "sinais candidatos" para aprendermos a lidar com eles apropriadamente — como provar, por exemplo, se eles são extraterrestres ou feitos por humanos”.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!

Fonte: Olhar Digital

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab