Falhas em sistema prejudicam análise de dados da pandemia no Brasil

  Mesmo modelos que consideram períodos maiores para avaliar a situação da epidemia ficam prejudicados. O monitor do jornal Folha de S.Paulo, por exemplo, se baseia

Por Rogério Magno em 07/08/2020 às 16:08:54

 

Mesmo modelos que consideram períodos maiores para avaliar a situação da epidemia ficam prejudicados. O monitor do jornal Folha de S.Paulo, por exemplo, se baseia em métricas de 30 dias, com maior peso para os dias mais recentes.

Com dados que indicavam queda de casos por cerca de uma semana, a ferramenta apontou que cidade de São Paulo estava em estágio desacelerado em um dia. No dia seguinte, com o grande pico de registros, a situação mudou para acelerada.

A prefeitura credita o descompasso nos números a instabilidades nos sistemas do Ministério da Saúde. Há dois principais: o Sivep-Gripe, no qual são informados os casos de internação, e o E-SUS, em que são contabilizados os casos leves. É a partir do download dos dados dessas plataformas que as secretarias divulgam os números diários.

O problema não aconteceu só na secretaria municipal. No último dia 28, o governo de São Paulo não divulgou os números da Covid-19 para aquela data sob a justificativa de que mudanças promovidas pelo Ministério da Saúde no Sivep-Gripe impossibilitaram a consolidação dos dados.

"Em virtude da inserção de novos campos no sistema Sivep por parte do Ministério da Saúde, as equipes estaduais estão trabalhando na readequação da rotina de extração das informações deste sistema, uma vez que as alterações impactaram no processo de extração automatizada realizada diariamente pela pasta estadual", informou a secretaria na ocasião.

No dia seguinte, a pasta estadual divulgou os registros acumulados de casos e mortes para as duas datas.
Devido a isso, aquele foi o dia com maior quantidade de novas mortes: 1.554, número que circulou nas redes sociais como um recorde de óbitos em 24 horas.

Situação similar aconteceu no dia 22, desta vez com o número de casos. Foram mais de 65 mil em 24 horas. Naquela quarta, as secretarias informaram os totais represados, gerando um falso recorde de testes positivos em um só dia.

Isso porque, nos dias anteriores, estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Alagoas, Bahia e Piauí relataram problemas com as plataformas do Ministério da Saúde, especialmente o E-SUS, e deixaram de divulgar os números reais de novos casos.

Segundo Jaqueline Correia Gaspar, diretora do núcleo de informação e vigilância epidemiológica da Secretaria de Saúde do estado de São Paulo, instabilidades no E-SUS são relativamente comuns.

Para tentar contornar o problema, a área técnica da secretaria faz downloads escalonados ao longo do dia. "Se eu deixo para fazer só uma vez ao dia e naquele horário o sistema apresenta instabilidade, fico sem dados", diz.

Ela afirma que divergências de números entre estado e a prefeitura da capital –na quarta (4), a prefeitura contabilizava cerca de 30 mil casos a mais no total acumulado– acontecem por questões tecnológicas e que as equipes estão em contato entre si e com o Ministério da Saúde para tentar identificar o que pode estar ocorrendo.

Algumas hipóteses são o horário em que a extração dos dados é feita. "Se eu baixar em horários diferentes, já tenho diferença nos números."

Segundo a secretaria estadual, os casos estão sendo devidamente notificados e considerados para a análise da situação epidemiológica, bem como de medidas de prevenção e controle da doença.

A secretaria municipal afirmou que o problema na extração de dados foi normalizado e que as oscilações não afetaram a política de saúde.

"O núcleo técnico, responsável pela análise da situação epidemiológica, utiliza curvas epidêmicas com dados referentes à distribuição dos casos e óbitos por data de início dos sintomas, tendo em vista que assim é possível aferir os períodos de exposição da doença e transmissibilidade", afirmou, em nota.

O Ministério da Saúde reconheceu problemas no E-SUS apenas no fim de semana dos dias 18 e 19 de julho. A pasta afirmou que "prontamente auxiliou na resolução do problema" junto aos estados.

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Fonte: Banda B

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