Evasão escolar atinge cerca de 11 mil alunos, afirma Secretaria de Educação do RN

Por Rogerio Magno em 08/01/2022 às 19:32:48
Com o retorno às aulas presenciais em 2021, a Secretaria de Estado da Educação (SEEC) estima que o impacto sentido pela evasão de alunos em sua rede deve ser menor do que aquele sentido no ano de 2020. Segundo dados fornecidos pela pasta, os números de acompanhamento interno registram 5% de evasão no ano letivo de 2021, correspondendo a cerca de 11 mil alunos. No entanto, o secretário Getúlio Marques esclarece que o número real deve ser maior e será divulgado após conclusão do Censo Escolar anual, previsto para março de 2022.

Em seu levantamento interno, a SEEC analisa dados fornecidos pelas próprias escolas e Diretorias Regionais de Educação e Cultura (Direc). Entretanto, a Secretaria explica que esses números não possuem caráter censitário visto que só com a virada do ano letivo, esses dados poderão ser calculados pelo Ministério da Educação com precisão. "Em 2021, houve uma tendência de redução na evasão porque a maior parte dos alunos voltaram para as aulas presenciais mas só vamos ter essa resposta efetiva com o Censo Escolar. Com as dificuldades que tivemos e com a autorização de retorno somente em 2021, o período de 2020 ficou mais prejudicado em termos de evasão e controle. Houve uma indicação do Conselho Nacional de Educação para que não se colocasse reprovação nem evasão para aproveitar a maior parte dos alunos e buscar reaproximar aqueles afastados da escola", explica o titular da pasta, Getúlio Marques.

De acordo com os dados preliminares, o índice de evasão escolar é considerado alto em apenas quatro municípios potiguares, onde o registro é maior que 20%: Baraúna (31%), Boa Saúde (29%), Jaçanã (23%) e Antônio Martins (23%). Com evasão maior que 15%, o RN tem mais dois municípios: Grossos e Coronel Ezequiel. Todas as outras localidades do estado apresentam evasão abaixo desse percentual. De qualquer modo, o secretário explica que as matriculas escolares para o ano letivo de 2022, que devem ocorrer no mês de janeiro, vão esclarecer a questão da evasão. "Nesse momento, percebemos que aquele aluno que poderia não ter abandonado porque estava com frequência durante alguma parte do ano, realmente o fez. Só vamos confirmar o abandono escolar desses casos no período de matrículas onde ou o aluno fica na mesma série, vai para a série seguinte ou não aparece mais", diz.

Busca ativa
Para lidar com esse cenário e reaproximar os alunos, a Secretaria de Estado da Educação já trabalha o processo de busca ativa de suas comunidades escolares com metodologias que englobem as assistências necessárias. Para o secretário de Educação, esse processo aliado as ferramentas tecnológicas disponíveis já melhorou a questão da presença de alunos. "Durante o ano passado, promovemos a busca ativa e outras formas de chegar a casa do aluno com o auxílio da tecnologia. Através da nossa ferramenta Sigaeduc, passamos de 12 mil acessos anuais em 2019 para 135 mil acessos no ano de 2020.

Tivemos mais de 12 milhões de acessos em 2021, onde conseguimos em alguns meses todos os acessos dos anos anteriores. Os próprios professores ainda não estavam habituados a utilizar essa ferramenta mas dentro do sistema o aluno responde questionários, provas online, recebe orientações de estudo e pesquisa, confere as salas de aulas virtuais, tudo isso é registrado na nossa plataforma", pontua.

Nesse sentido, um dos problemas encontrados foi a baixa conectividade de cerca de 40 cidades potiguares que precisaram ser guiadas apenas pelo material impresso. Para solucionar essa questão, a SEEC informa que por meio do programa Geração Conectada previsto no projeto Nova Escola Potiguar planeja levar internet de banda larga para todas escolas da rede estadual de ensino, permitindo que os alunos acessem de forma gratuita em um raio que ainda sera definido por meio de licitação. "Com a volta das aulas presenciais e todas as outras condições, como merenda e transporte escolar, estamos trabalhando com os municípios para unificar o máximo possível para também evitar perda de alunos. Dessa forma, creio que vamos ter mais matriculas em 2022 pois já aumentou nesse ano de 2021, passamos de 213 mil alunos para 215.668. Acredito que vamos manter esse número ou aumentar um pouco mais", finaliza o secretário.

Especialista aponta estratégias pedagógicas

Para o mestre em educação Gustavo Fernandes, se alguns alunos tinham falta de interesse em duas atividades, a pandemia acabou fortalecendo esse processo de evasão escolar. Como forma de recuperar os desistentes, politicas públicas devem ser implementadas nas esferas federal, estadual e municipal para atender a necessidade de cada local. "Ao meu ver, no primeiro momento, é necessário que o governo federal proponha direcionamentos para estados e municípios. No entanto, cada município tem a sua particularidade e, desse modo, precisamos pensar em uma politica pública local para cada realidade pois nesse momento de pandemia o ensino remoto foi trabalhado de formas diferentes", diz.

Mecanismos como busca ativa, nivelamento de alunos e práticas pedagógicas especificas como a possibilidade do ensino integral devem ser trabalhadas para recuperar alunos que evadiram o sistema e repor o conhecimento que ficou perdido durante a pandemia. A inserção tecnológica desses alunos também deve ser prioridade. "É necessário um planejamento efetivo para que as Secretarias possam agir a partir das realidades vivenciadas. A primeira coisa que deve ser feita é a busca ativa, entrar em contato com os gestores das escolas e essas escolas precisam buscar esses alunos, saber quais são os reais motivos desse afastamento. Muitos alunos se afastaram porque não tinham acesso à internet, outros porque precisaram trabalhar durante a pandemia. Precisamos conhecer através da busca ativa quais são as realidades pra determinar quais serão as propostas pedagógicas lancadas para esses alunos".

O professor acredita que tanto ensino remoto quanto a modalidade híbrida trouxeram um novo olhar para a educação, potencializando o uso das metologias ativas. Existem legados que serão deixados por essas mudanças mas as lacunas educacionais devem ser trabalhadas. "2022 vai ser um ano em que os professores vão trabalhar de forma muito massiva com recursos tecnológicos. Para contornar a falta de efetividade que foi sentida durante o período da pandemia, as escolas precisam trabalhar a formação dos alunos e a dinâmica das aulas propostas para que eles possam se adaptar a essa nova realidade", aponta.

Fonte: Tribuna do Norte

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