O Rio Grande do Norte vive um novo surto de casos de Covid-19 nos Ășltimos dias, além de enfrentar ainda um salto no nĂșmero de pessoas com sĂndromes gripais. Desde a Ășltima quarta-feira 19, foram mais de mil novos casos de coronavĂrus registrados diariamente, e a taxa de ocupação de leitos crĂticos voltou a ultrapassar o Ăndice de 60% no estado.
Para o epidemiologista e professor Ion de Andrade, o RN vivencia um novo perĂodo da pandemia. "Temos, em primeiro lugar, como elo frĂĄgil, o fato de que 30% da população ainda não se vacinou. Nessa minoria, hĂĄ pessoas que se esqueceram de tomar a dose de reforço e o principal componente do movimento hospitalar é o grupo que não completou a vacinação", pontuou ele em entrevista ao Bom Dia RN/Inter TV Cabugi.
"Os hospitais estão sendo pressionados, hoje jĂĄ temos pacientes em fila, o que significa a dificuldade do poder pĂșblico em internar. Outro componente é o comportamento de pessoas vacinadas que estão doentes e levam o vĂrus para os vulnerĂĄveis. Então o problema é decorrente de tudo de positivos que acumulamos: os vacinados, no lugar de agir com prevenção, liberalizaram o comportamento e passam a ser transmissores do vĂrus, e os não vacinados agravam e vão para os hospitais. Isso tudo contribui para a explosão de casos que estamos tendo", disse.
Segundo o epidemiologista, a variante Ômicron é muito transmissĂvel porque tem a capacidade de driblar as defesas imunes e, por isso, a partida é de um cenĂĄrio de riscos. "Estamos vivendo uma terceira onda e, do ponto de vista de nĂșmero de casos novos, ela é muito maior que as anteriores. Essa nova onda de Covid produz uma gravidade menor que possivelmente estĂĄ relacionada com a cobertura vacinal e com o fato de que a variante Ômicron pode produzir casos mais leves", relatou.
O problema, no entanto, é que a pressão sobre os hospitais, que é o que regula a ação do poder pĂșblico, não se interessa por proporções e sim por casos. Mesmo que a Ômicron cause casos mais leves, a pressão de leitos nos hospitais não é menor, e as unidades hospitalares estão afogadas. "O processo de abertura de leitos é mais lento do que a difusão da doença. É de se esperar o aumento, nos próximos dias, de pacientes em filas. Temos pacientes demais e muito além daqueles que nós conseguimos internar", afirmou Ion.
"Essa é uma doença letal e grave que produz uma pressão por leitos hospitalares que pode obrigar o poder pĂșblico a tomar medidas restritivas que ninguém gostaria de atravessar novamente, para que os hospitais possam se tornar solventes de novo", frisou ele ao indicar que o Estado deve estudar a antecipação da terceira dose para os idosos, pois esse pĂșblico voltou a ser maioria nos leitos.
Fonte: Portal Agora RN