Brasil fica muito atrás de países da Europa no ranking de testagem de Covid-19

Por Rogerio Magno em 27/01/2022 às 14:15:48
Segundo a plataforma Our World in Data, em meados de janeiro o país fez menos de 0,01 exames oficiais a cada mil habitantes. Em países como o Reino Unido essa taxa ficou acima de 22. Brasil fica muito atrás de países da Europa no ranking de testagem de Covid-19

Com o avanço da variante ômicron no mundo, fazer testes de Covid-19 em larga escala se tornou ainda mais importante para que os países possam ter um retrato fiel da pandemia e traçar estratégias para combater o coronavírus.

A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça desde o começo da pandemia a importância de testar a população. Nos últimos meses, muitos países correram para conseguir mais exames e nunca testaram tanto como nos últimos dois meses.

No entanto, o Brasil fica muito pra trás quando o assunto é testagem.

Segundo o site Our World in Data, os meses de dezembro de 2021 e janeiro de 2022 ficaram muito longe do pico de testes oficiais no Brasil. Em dezembro, o país chegou a fazer 50 mil exames de Covid-19 por dia, mas esse número caiu para 1.118 no dia 16 de janeiro. Isso significa menos de 0,01 exame a cada mil pessoas que vivem no país. Em janeiro, os dados ainda estão afetados pelo ataque hacker aos sistemas do Ministério da Saúde.

Mas, segundo o epidemiologista da Universidade Federal de Pelotas, Pedro Hallal, o país sempre testou muito pouco. “No Brasil há uma grande subnotificação e a quantidade de casos é muito maior do que o que vemos nas estatísticas oficiais. Isso é preocupante porque um país que não valoriza a testagem não valoriza os seus dados e não conhece bem a situação real da pandemia”.

Para Hallal, a rápida disseminação da variante ômicron deveria fazer com que o Brasil testasse mais do que em outros momentos da pandemia.

Em nota, o Ministério da Saúde informou que adquiriu 60 milhões de testes rápidos de antígeno junto à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Até o momento, mais de 43,8 milhões de exames de antígeno e mais de 27,5 milhões de testes RT-PCR já foram distribuídos para todo o país."

Outros países

No Reino Unido, por exemplo, o mês de janeiro teve a maior média diária de exames de Covid-19 a cada mil habitantes – foram 22,10 no dia 15.

Segundo a cientista genômica Cristina Ariani, a importância dos exames vai além do diagnóstico do próprio paciente. “Quando uma pessoa sabe que está com Covid, ela evita transmitir para outras pessoas. Ela bloqueia a cadeia de transmissão em ambientes de trabalho, faculdade, por exemplo, para que não haja surtos localizados”.

Testes diários de Covid-19 por mil habitantes

Reprodução/Jornal Hoje

O sucesso britânico se repete em outros países da Europa. Portugal fez, no dia 16 de janeiro, 23,78 exames a cada mil habitantes. Na França a média de testes hoje é de 20,38. Na Áustria impressionantes 78,37 testes a cada mil habitantes.

A ômicron também fez com que os Estados Unidos vivessem o período com a maior quantidade de testes oficiais desde o começo da pandemia. Mas, ainda assim, a média foi mais baixa do que a dos europeus. O recorde foi registrado no dia nove de janeiro e ficou em 7,53 exames a cada mil habitantes. E a meta do governo do democrata Joe Biden é testar ainda mais. Desde o começo do ano, o presidente dos EUA já prometeu mais um bilhão de exames de graça para a população americana.

Testes de Covid: diferenças entre PCR, antígeno e autoteste

Autotestes no Brasil

O autoteste é parecido com o teste rápido, mas pode ser feito por leigos, em casa. O kit vem com um dispositivo de teste, tampão de extração, filtro e o swab - uma espécie de cotonete usado para a coleta nasal, a mais comum.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai decidir na sexta-feira (28), em reunião marcada para começar às 10h, se libera ou não a venda desses autotestes de Covid-19.

No dia 19 de janeiro, quatro diretores da Anvisa decidiram pelo adiamento da decisão para cobrar mais dados do Ministério da Saúde. A liberação dos autotestes foi pedida pela pasta do ministro Marcelo Queiroga diante da explosão do número de casos com a chegada da variante ômicron.

Após a decisão, o ministro disse que prestaria os esclarecimentos solicitados. Especialistas criticaram a visão do ministério e cobram, entre outros pontos, que os testes sejam gratuitos e que testagem seja ampliada no país.

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Fonte: G1

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