Sem favoritos, Costa Rica elege presidente entre 25 candidatos

Por Rogerio Magno em 06/02/2022 às 17:51:08
Para analistas, a grande oferta de candidatos é o reflexo de um país que, apesar de sua estabilidade, sofre de uma enorme desconfiança política. Não há favoritos para chegar ao 2º turno, em 3 de abril. Em local de votação em San Jose, mesário mostra cédula de votação não preenchida para eleitor durante a eleição presidencial da Costa Rica, neste domingo (6).

Luis Acosta/AFP

A Costa Rica começou a votar neste domingo (6) para eleger um novo presidente entre 25 candidatos. A ausência de um favorito claro deve levar a um segundo turno em 3 de abril. O país, uma das democracias mais estáveis da América Latina, enfrenta uma crise econômica.

Segundo o Tribunal Supremo de Eleições (TSE), todas as mesas de votação foram instaladas e espera-se um grande movimento. Também serão eleitos 57 deputados do Congresso.

"Os costa-riquenhos saíram para votar cedo", disse a líder do TSE, Eugenia Zamora. Longas filas foram observadas nos centros de votação em San José.

Cerca de 3,5 milhões de costa-riquenhos de um total de 5 milhões poderão emitir seu voto até 18h00 no horário local, (21h00 no horário de Brasília). O Tribunal dará o primeiro corte de resultados aproximadamente três horas depois.

"Votar é a arma mais importante que temos para solucionar os problemas, não podemos reclamar depois. Temos que resolver a pobreza e gerar trabalho para as pessoas", disse Francisco Zeledón, de 35 anos, o primeiro eleitor em seu centro de votação.

Os candidatos

O ex-presidente (1994-1998) de centro-esquerda José María Figueres, que lidera as pesquisas com 17% das intenções de voto, foi um dos primeiros candidatos a votar. Ele foi às urnas em sua cidade natal, La Lucha, localizada em uma área rural ao sudoeste da capital.

"Este país tem um milhão e meio de pessoas vivendo na pobreza e meio milhão na pobreza extrema. Faltam soluções habitacionais para 160.000 casas. Nunca vivemos essas coisas com essa magnitude neste país", disse Figueres.

O candidato a presidente Jose María Figueres, que lidera as pesquisas, deposita seus votos na cidade de La Lucha, na Costa Rica.

Divulgação/AFP

Figueres quer evitar um segundo turno e convidou os eleitores a apoiá-lo. Para isso, ele precisa obter 40% dos votos, o que, segundo especialistas, não será possível devido à fragmentação dos partidos.

Depois visitou na mesma cidade o túmulo de seu pai, o ex-presidente José Figueres Ferrer, que aboliu o Exército em 1948.

Em segundo lugar nas pesquisas está a social-cristã Lineth Saborío, com 13%.

Também nas primeiras horas do dia votou o conservador evangélico Fabricio Alvarado, candidato da Nova República, terceiro nas pesquisas, com 10,3%.

"Foi uma campanha fisicamente cansativa, mas estamos felizes e com a expectativa de alcançar a meta e ganhar essas eleições", disse Alvarado após votar.

Os outros candidatos mais bem colocados nas pesquisas são o economista de direita Eli Feinzaig, com 5,7%, e o esquerdista José María Villalta, com 7,6%.

Eleição em aberto

Desde as eleições presidenciais de 2010, a abstenção cresce entre os eleitores da Costa Rica, chegando a 34,3% em 2018. Para a atual eleição, os especialistas esperam uma porcentagem similar.

Para analistas, a grande oferta de candidatos também é o reflexo de um país que, apesar de sua estabilidade, sofre de uma enorme desconfiança política.

"Não há ninguém garantido no segundo turno. Há uma grande porcentagem de eleitores que se decidirão no último momento (31,86% de indecisos, segundo CIEP-UCR). É difícil pensar em cenários, mas acredito que haverá duas propostas antagônicas", opinou a cientista política Gina Sibaja.

Um dos cenários na eleição pode ser entre os partidos tradicionais: o centro-esquerdista Partido Libertação Nacional (PLN), de Figueres -- presidente em 1994-1998--, e o centro-direitista Partido Unidade Social Cristã (PUSC) de Saborío --vice-presidente em 2002-2006.

Isso levaria o país de volta ao bipartidarismo do século XX, que foi quebrado com a vitória do Partido Ação Cidadã (PAC), que governou os últimos oito anos, mas hoje é impopular e não tem possibilidades de triunfo.

O atual presidente Carlos Alvarado, que votou em Pavas, um bairro popular de San Jose, destacou a solidez democrática do país.

"Estamos entre as democracias mais fortes do mundo e hoje reafirmamos isso com nosso voto (...). Outros países não têm essa opção livre. Nós temos eleições ininterruptas desde 1953", disse.

Fonte: G1

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