EUA apreendem combustível iraniano enviado à Venezuela

Por Rogerio Magno em 14/08/2020 às 15:31:12
Mais de 1 milhão de toneladas de combustível foram apreendidos. Casa Branca acusa empresário do Irã que enviou a carga de ter vínculos com a Guarda Revolucionária iraniana. Navio com bandeira do Irã atracado na Venezuela

AFP

O governo de Donald Trump confiscou a carga de quatro navios iranianos com combustível que tentavam chegar à Venezuela, confirmou o Departamento de Justiça nesta sexta-feira (14), como parte da campanha de pressão dos Estados Unidos contra o regime de Nicolás Maduro.

A operação resultou na apreensão de 1,1 milhão de barris de petróleo que, de acordo com as autoridades americanas, representa a maior apreensão de combustível iraniano.

"O governo anunciou hoje que executou com sucesso a ordem de apreensão e confiscou a carga dos quatro navios somando aproximadamente 1,1 milhão de barris de petróleo", disse o Departamento de Justiça em comunicado.

Os Estados Unidos recorreram à Justiça em 2 de julho para confiscar a carga, como parte da estratégia de Donald Trump contra o governo de Nicolás Maduro na Venezuela. A Casa Branca não reconhece o regime chavista como legítimo.

Foto de 0 de maio mostra funcionário da estatal venezuelana PDVSA com bandeira do Irã após navio do país asiático atracar na refinaria de Puerto Cabello

AFP

Os navios afetados foram identificados como Bella, Bering, Pandi e Luna.

Segundo a acusação, o empresário iraniano Mahmud Madanipur, que supostamente tem vínculos com a Guarda Revolucionária, providenciou envios para a Venezuela utilizando empresas de fachada offshore e transferências de navio a navio para evitar sanções contra Teerã.

O governo de Trump também mantém relações tensas com o Irã, sobretudo depois de ter se retirado do acordo multinacional para congelar o programa nuclear de Teerã, em 2018. As tensões pioraram em janeiro, com a morte do general iraniano Qassem Souleimani.

O jornal "The Wall Street Journal" informou nesta quinta-feira, citando autoridades americanas, que os navios haviam sido confiscados e que estavam a caminho de Houston, no Texas.

O Departamento de Justiça não especificou o local da operação nem a data.

Na quinta-feira, o embaixador do Irã na Venezuela afirmou que os anúncios de que os navios iranianos haviam sido capturados eram "outra mentira e guerra psicológica" dos Estados Unidos.

"Os navios não são iranianos e nem o proprietário nem sua bandeira tem nada a ver com o Irã", tuitou Hojat Soltani.

Apoio à transição na Venezuela

O presidente Nicolás Maduro participa do desfile do Dia da Independência em Caracas, na Venezuela, em 5 de julho

Palácio de Miraflores/Divulgação via Reuters

A Venezuela é altamente dependente de sua renda de petróleo, mas sua produção caiu para cerca de um quarto de sua capacidade de 2008 e sua economia foi devastada por seis anos de recessão.

Segundo dados da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a produção da Venezuela em julho ficou abaixo dos 400 mil barris diários, um nível equivalente ao de 1934.

Em meio ao colapso da indústria e das sanções dos Estados Unidos, a Venezuela, que costumava refinar petróleo suficiente para suas próprias necessidades, precisou recorrer a aliados como o Irã para aliviar uma desesperada escassez de combustível.

O Irã enviou vários navios de gasolina neste ano para a Venezuela com o objetivo de ajudar a resolver essa escassez.

A maior parte das sanções dos EUA contra a Venezuela entraram em vigor após o início do segundo mandato de Maduro em 2019, que Estados Unidos não reconhece devido às irregularidades nas eleições.

Juan Guaidó durante marcha no dia 10 de março de 2020

Manaure Quintero/Reuters

Nesta sexta-feira, um grupo de 28 países, entre eles Estados Unidos, vários membros do Grupo de Lima, do Grupo de Contato Internacional, União Europeia e outros como Israel e Coreia do Sul, emitiram uma declaração conjunta pedindo apoio à transição democrática na Venezuela.

O texto reitera a disposição dos países para discutir o levantamento das sanções econômicas, as quais visam pressionar por uma mudança no país venezuelano.

Veja no VÍDEO abaixo: oposição a Maduro não vai participar de eleição na Venezuela

Na Venezuela, oposição diz que não vai participar de eleição legislativa

Fonte: G1

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