Mélenchon detém a chave do duelo entre Macron e Le Pen no segundo turno

Por Rogerio Magno em 11/04/2022 às 12:08:38
Presidente francês e candidata da extrema direita disputam os quase 22% de votos conquistados pelo político veterano de esquerda e líder da França Insubmissa Candidato da extrema esquerda, Jean-Luc Melenchon, fala durante encontro em Marselha, em 9 de abril

Claude Paris/ AP

O primeiro turno confirmou o atestado de óbito de duas forças políticas tradicionais na França: os Socialistas e os Republicanos, representando a esquerda e a direita, que mostraram não ter mais lugar no coração do eleitor. A socialista Anne Hidalgo obteve míseros 1,7% dos votos; a republicana Valérie Pécresse, 4,7%. Juntas, elas ficaram abaixo do ultradireitista Éric Zemmour, que ganhou 7%.

A realidade se avizinha dura para o presidente Emmanuel Macron nos 13 dias que lhe restam até o segundo turno. Sua batalha pela reeleição corre o risco de emperrar se os extremos se aglutinarem em favor de Marine Le Pen. Ou seja, se eleitores de Zemmour e Jean-Luc Mélenchon, representantes de correntes ideológicas opostas, se somarem a ela.

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O duelo de 2017 se repete, mas em nova versão. Logo após o resultado, Macron obteve o apoio de Hidalgo, de Pécresse, dos verdes e dos comunistas, mas eles não materializam 15% dos votos. A chave do segundo turno, então, está nas mãos do líder da França Insubmissa. Em terceiro lugar, com 22% do eleitorado, Mélenchon foi categórico ao repetir várias vezes que nenhum voto deve ir para Le Pen. Teve chance, mas não endossou, em nenhuma, o nome de Macron.

Mélenchon arrebatou os votos do finado Partido Socialista, que até cinco anos atrás ocupava o Palácio do Eliseu, com François Hollande no comando, e ganhou capital político em relação ao último pleito. O veterano político consolidou-se como líder de uma esquerda fragmentada, embora suscite desconfiança entre seus pares, e vive seu momento de glória.

Ele rege uma massa de eleitores que é contra a Otan e o intervencionismo dos EUA no cenário internacional. Propõe um plano de emprego universal e a redução da aposentadoria para 60 anos – Le Pen defende a reforma aos 62 e Macron aos 65. Corteja os jovens com propostas ambientais, como a proibição de pesticidas, o corte de rotas de voos e a criação, até 2050, de uma matriz energética baseada em fontes renováveis.

É nessa importante parcela de eleitores que o presidente francês, criticado como arrogante e baluarte da elite, deve se concentrar agora para barrar a líder da extrema direita. E, assim, evitar que seus votos migrem para Le Pen, agora travestida numa versão conciliadora e simpática, que quer, a todo custo, marcar distância dos ideais racistas e xenófobos que a moldaram em sua trajetória política.

Fonte: G1

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