ONU pede julgamento de responsáveis por ação militar na Colômbia

Por Rogerio Magno em 13/04/2022 às 19:46:53
Militares entraram em casa onde havia uma festa com centenas de pessoas e mataram 11, segundo relatora de agência da ONU. Imagem de 2021 de soldados colombianos

Schneyder Mendoza/AFP

Uma representante do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos pediu, nesta quarta-feira (13), um julgamento dos responsáveis pela operação militar que deixou 11 mortos na Colômbia, entre os quais havia quatro civis que foram apresentados como se fossem guerrilheiros mortos em combate.

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Juliette De Rivero, a representante da agência da ONU na Colômbia, afirmou o seguinte em uma rede social: "Recomendamos que sejam tomadas todas as medidas disciplinares e penais para julgar e punir os responsáveis pelo ocorrido em (a localidade de) Alto Remanso".

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Alto Remanso fica na região de Putumayo, perto das fronteiras com o Equador e com o Peru. No fim de março havia uma feira de três dias na cidade, e havia festas em algumas casas. Na manhã do dia 28 de março, um comando das Forças Armadas invadiu uma casa onde havia comemorações com centenas de pessoas e matou 11, segundo Juliette De Rivero.

O exército "teria feito uso de armas de fogo, enquanto estavam no bazar de 30 a 50 pessoas, inclusive meninos, meninas e mulheres", disse ela.

Quem eram os civis

Entre os mortos podem haver pelo menos quatro civis: um menor de idade, um governador do povo nativo kitcwhwa, um líder comunitário e sua esposa, grávida. As informações são da Defensoria do Povo do estado, do escritório da organização Human Rights Watch (HRW) e de autoridades indígenas.

O governo do presidente Iván Duque e comandos militares defenderam a operação, que eles qualificaram como legítima, e asseguraram que os mortos são rebeldes dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) que se afastaram do acordo de paz assinado com o Estado em 2016.

A ONU lembrou que "o uso intencional de armas letais só pode ser feito quando for estritamente inevitável e com o propósito de proteger a vida".

Também pediu às autoridades a proteção de testemunhas e jornalistas, estes últimos ameaçados por publicarem textos sobre o caso.

A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) pediu ao Estado para investigar os fatos e evitar "a estigmatização das vítimas".

Falsos positivos

A operação tocou na ferida dos "falsos positivos", como ficou conhecido o maior escândalo das forças militares da Colômbia, que descobriu que pelo menos 6.400 civis foram assassinados e apresentados como guerrilheiros mortos em combate entre 2002 e 2008.

Embora a maior parte dos guerrilheiros das Farc tenha entregue as armas em 2017, permaneceram ativas células dissidentes sem comando unificado, que somam 5.200 combatentes, a maioria novos recrutas.

Veja abaixo um vídeo de 2017 sobre a primeira eleição que teve a participação das Farc.

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Fonte: G1

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