O Fantástico apresenta uma entrevista com o empresário que denunciou um esquema de corrupção no Ministério da Educação. As acusações levaram à prisão, esta semana, do ex-ministro Milton Ribeiro e de outros quatro suspeitos.
Escutas telefônicas, autorizadas pela Justiça, acabaram envolvendo o presidente Jair Bolsonaro no escândalo. Agora, senadores pedem que o Supremo Tribunal Federal apure a possível interferência de Bolsonaro na investigação.
Começou em Nova Odessa, interior de São Paulo, num evento para secretários e prefeitos da região, a denúncia que terminou na prisão de Milton Ribeiro. Denúncia feita pelo empresário e radialista Edvaldo Brito.
Além do ex-ministro Milton Ribeiro, a Polícia Federal prendeu o pastor Gilmar Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, diretor do Conselho Político da mesma convenção.
A polícia acredita que eles cobravam propina para organizar encontros com Milton Ribeiro, na época ainda no cargo, e direcionar verbas do Ministério da Educação. A operação Acesso Pago, da Polícia Federal, começou depois que Edvaldo Brito apresentou às autoridades provas do que seria um pagamento de propina.
"Eu descobri que o ministro tinha um gabinete itinerante. Os técnicos do FNDE iam para um determinado município, organizavam um evento em parceria com os municípios, e aí todos os outros municípios eram atendidos", diz Edvaldo.
FNDE é o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, órgão que faz a distribuição de recursos do Ministério da Educação para estados e municípios. Edvaldo conta que procurou o pastor Gilmar Santos para ver se seria possível levar o então ministro e o gabinete itinerante para a sua região, no interior paulista.
Depois dos encontros com os técnicos, costumava haver um culto evangélico organizado pelos pastores Gilmar e Arilton Moura.
"O ministro pregava nesse culto. Acabei descobrindo o contato do Gilmar através da própria igreja dele. Liguei para ele, que marcou para me atender em Brasília, num hotel. Eu fui até lá", revela Edvaldo, acrescentando que o encontro no hotel aconteceu em maio do ano passado com os pastores Gilmar e Arilton. "Eu vi que realmente tinha uma mesa lá em que ele atendia, conversava. Depois, chamava o outro na mesa."
Os dois, diz Edvaldo, aprovaram a ida do gabinete itinerante até Nova Odessa: "Naquele momento, eu estava falando com um pastor, um pastor que ajudava as pessoas. Porque o que eu conheço é isso. O que eu conheço do cristão é se doar".
Depois, segundo o empresário, os pastores pediram que ele e o prefeito do município fossem a Brasília. O objetivo: gravar um vídeo com o então ministro. Após esse encontro, Edvaldo afirma: houve um pedido de dinheiro feito pelo pastor Arilton.