Arquivamento de investigação sobre Fátima expõe o obvio: CPI da Covid foi uma peça eleitoral

A procuradora-geral de Justiça Elaine Cardoso decidiu arquivar o inquérito que investigou o papel da governadora Fátima Bezerra (PT) na compra frustrada dos respiradores via Consórcio Nordeste em 2020, no auge da crise provocada pela pandemia da covid-19.

Desde o início ficou bem claro que se tratou de um calote porque foi o próprio Governo do Rio Grande do Norte quem denunciou o caso. Some-se a isso o fato do Ministério Público de Contas já ter descartado corrupção por parte do Estado e a posterior luta da administração para reaver os R$ 5 milhões (R$ 3,6 milhões já foram recuperados).

Apesar de todos os indicativos técnicos de ausência de prática dolosa por parte da governadora, a oposição e parte da mídia natalense embarcou neste assunto como se fosse a "Lava Jato Potiguar".

Armaram um cavalo de troia no debate público, mas quando aberto saíram soldados disparando resultados que frustraram os que acreditaram nas teses do deputado estadual Kelps Lima (SD), presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da covid na Assembleia Legislativa.

A investigação foi apenas um palanque para o parlamentar fincar os pés no antipetismo e flertar com o eleitorado bolsonarista em sua ingrata luta para se tornar deputado federal em 2 de outubro.

A mídia natalense que abraça qualquer coisa que seja contra o PT deu ares de verdade absolta a tudo que envolvia a compra frustrada dos respiradores. Salvo algumas honrosas exceções, escolheram duelar com os fatos.

Agora ninguém dará o braço a torcer. Repetirão o silêncio como na pregação criminosa da eficácia da ivermectina no tratamento da covid-19.

Mesmo sem as devidas retratações a governadora vai daqui a pouco para a convenção do PT de alma lavada assim como quem enxergou o obvio no debate público.

A CPI da Assembleia ficou desmoralizada e o perfil eleitoreiro escancarado. Será que ainda vai ter quem pergunte "cadê o dinheiro dos respiradores?".