O prefeito de São José de Campestre (RN) foi assassinado por um líder de facção criminosa interestadual. A informação foi divulgada pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte, por meio da Secretaria de Segurança Pública e da Defesa Social (SESED) em coletiva de imprensa nesta terça-feira (26).
O assassinato do prefeito Neném Borges, em abril deste ano, foi motivado pelo apoio do político às forças policiais do estado no combate a uma facção criminosa que atua no município de São José do Campestre, no Agreste potiguar. A informação foi divulgada pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte nesta terça-feira (26).
A Justiça expediu um mandado de prisão preventiva contra o suspeito, que segue foragido. A identidade dele não foi divulgada, segundo a polícia, porque o processo segue em segredo de justiça.
Segundo a polícia, o autor do crime é chefe local uma facção criminosa interestadual e teria decidido matar o prefeito por causa do apoio institucional de Neném Borges às ações policiais na cidade.
O delegado Wellington Guedes, responsável pelas investigações, afirmou que o mentor e executor do crime atribuía ao prefeito operações que vinham sendo realizadas contra o grupo.
"Houve um fato relevante que 15 dias antes da execução do prefeito, a Polícia Civil deflagrou uma operação em que foram apreendidos um colete balístico e uma arma de fogo desse suspeito, que teria sido usada em outro homicídio", afirmou o delegado.
Segundo o delegado, foram colhidos depoimentos que apontam que o criminoso já havia falado que iria matar o prefeito.
"Existem depoimentos afirmando que ele havia dito que iria matar o prefeito, porque o prefeito estava pedindo a cabeça dele numa bandeja. Ou seja, para o suspeito, ele entendia que de fato o prefeito apoiava as forças de segurança pública de modo institucional, para que a cidade mantivesse a ordem e a tranquilidade",
"O que apuramos de forma técnica, o que foi demonstrado nos autos, é que ele criou uma rixa pessoal com o prefeito Neném Borges, porque o prefeito demonstrava publicamente que apoiava as forças de segurança e sempre se colocou à disposição para que possíveis estruturas da prefeitura fossem utilizadas para o enfrentamento do crime organizado", completou.
Ainda de acordo com os investigadores, o suspeito já respondeu por vários crimes e agiu com "profissionalismo" na execução, pelo que pôde ser observado nas imagens gravadas por câmeras de segurança instaladas na casa do prefeito.
O crime
O prefeito de São José do Campestre, cidade distante cerca de 100 km de Natal, foi morto a tiros dentro de casa, no fim da noite de uma terça-feira, no dia 18 de abril de 2023.
Joseilson Borges da Costa, de 43 anos, mais conhecido como Nenem Borges, levou três tiros no rosto.
Segundo a polícia, o crime aconteceu por volta das 23h. O autor do crime teria pulado o muro de uma escola abandonada, passou por um beco e entrou na casa do prefeito pelo portão, que estava aberto. Neném Borges estava deitado no sofá de casa.
Outros familiares também estavam no imóvel, mas não foram atingidos pelos tiros. O criminoso conseguiu fugir. Segundo a polícia, as balas usadas no crime foram de calibre 38.
Sobre o prefeito
Nenem Borges era agricultor e faria 44 anos no dia 1º de maio. Ele deixou esposa e dois filhos. O prefeito estava no seu segundo mandado no Poder Executivo, após ser reeleito pelo MDB, em 2020.
Ele havia assumido a prefeitura pela primeira vez em 2018, quando era presidente da Câmara Municipal, por causa da cassação dos mandatos da prefeita e da vice-prefeita da cidade, Maria Alda Romão Soares e Eliza Assis de Oliveira Borges.
A cidade de São José do Campestre fica na região do Agreste potiguar e tem uma população estimada em 11 mil habitantes, segundo o último Censo do IBGE.
g1. RN