Com 709 casos de mpox no Brasil, ministĂ©rio convoca reunião

Em meio ao aumento de casos de mpox e à circulação de uma nova variante do vírus no continente africano, o Ministério da Saúde do Brasil convocou para esta terça-feira (13) uma reunião para tratar da doença.

Por Rogerio Magno em 12/08/2024 às 20:36:24

Em meio ao aumento de casos de mpox e à circulação de uma nova variante do vĂ­rus no continente africano, o Ministério da SaĂșde do Brasil convocou para esta terça-feira (13) uma reunião para tratar da doença.

Em nota, a pasta informou que a proposta é atualizar as recomendações e o plano de contingĂȘncia para a doença no paĂ­s. "SerĂĄ realizada reunião com especialistas nesta terça-feira para atualização dos serviços de vigilância e assistĂȘncia médica".

Ainda de acordo com o comunicado, o ministério "acompanha com atenção" a situação da mpox no mundo e monitora informações junto à Organização Mundial da SaĂșde (OMS) e instituições como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglĂȘs).

"A avaliação é que o evento apresenta risco baixo neste momento para o Brasil", destacou a pasta. Dados do ministério apontam que, em 2024, foram notificados 709 casos de mpox no Brasil e 16 óbitos, sendo o mais recente em abril do ano passado.

Sobre vacinas contra a mpox, a pasta lembrou que, em 2023, a imunização contra a doença foi realizada em um momento de emergĂȘncia em saĂșde pĂșblica de importância internacional, com o uso das doses liberado pela AgĂȘncia Nacional de Vigilância SanitĂĄria (Anvisa) de forma provisória.

"Caso novas evidĂȘncias demonstrem a necessidade de alterações no planejamento, as ações necessĂĄrias serão adotadas e divulgadas oportunamente", concluiu o ministério.

ComitĂȘ de emergĂȘncia

Na semana passada, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, anunciou que havia convocado um comitĂȘ de emergĂȘncia para avaliar o cenĂĄrio de surto da doença na África e o risco de disseminação internacional do vĂ­rus.

Em seu perfil na rede social X, Tedros detalhou que a decisão levou em conta o registro de casos de mpox fora da RepĂșblica DemocrĂĄtica do Congo, onde as infecções estão em ascensão hĂĄ mais de dois anos.

O cenĂĄrio se agravou ao longo dos Ășltimos meses em razão do uma mutação que levou à transmissão da doença de pessoa para pessoa, além da notificação de casos suspeitos na provĂ­ncia de Kivu do Norte.

Vacinação

A OMS publicou documento oficial solicitando a fabricantes de vacinas contra a mpox que submetam pedidos de anĂĄlise para o uso emergencial das doses. O processo foi desenvolvido especificamente para agilizar a disponibilidade de insumos não licenciados, mas necessĂĄrios em situações de emergĂȘncia em saĂșde pĂșblica.

"Essa é uma recomendação com validade limitada, baseada numa abordagem de risco-benefĂ­cio", destacou a entidade. No documento, a organização solicita que fabricantes das vacinas apresentem dados que possam atestar que as doses são seguras, eficazes, de qualidade garantida e adequadas para as populações-alvo.

A concessão de uma autorização para uso emergencial, segundo a organização, deve acelerar o acesso às vacinas, sobretudo para paĂ­ses de baixa renda e que ainda não emitiram sua própria aprovação regulamentar em relação às doses em questão.

A autorização para uso emergencial também permite que parceiros como a Aliança para Vacinas (Gavi, na sigla em inglĂȘs) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) adquiram doses contra a mpox para distribuição.

"Existem, atualmente, duas vacinas em uso contra a doença, ambas recomendadas pelo Grupo Consultivo Estratégico de Peritos em Imunização da OMS (Sage, na sigla em inglĂȘs)", destacou a entidade.

A doença

A mpox é uma doença zoonótica viral. A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vĂ­rus e materiais contaminados. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (Ă­nguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza.

As lesões podem ser planas ou levemente elevadas, preenchidas com lĂ­quido claro ou amarelado, podendo formar crostas que secam e caem. O nĂșmero de lesões pode variar de algumas a milhares. As erupções tendem a se concentrar no rosto, na palma das mãos e na planta dos pés, mas podem ocorrer em qualquer parte do corpo, inclusive na boca, nos olhos, nos órgãos genitais e no ânus.

De acordo com a organização humanitĂĄria Médicos Sem Fronteiras, a mpox requer tratamento de suporte, de forma a controlar os sintomas da forma mais eficaz possĂ­vel e evitar mais complicações. A maioria dos pacientes tratados se recupera dentro de um mĂȘs, mas a doença pode ser fatal quando não tratada. Na RepĂșblica DemocrĂĄtica do Congo, onde a taxa de mortalidade da cepa existente é muito maior do que na África Ocidental, mais de 479 pessoas morreram desde o inĂ­cio do ano.

Primeira emergĂȘncia

Em maio de 2023, quase uma semana após alterar o status da covid-19, a OMS declarou que a mpox também não configurava mais emergĂȘncia em saĂșde pĂșblica de importância internacional. Em julho de 2022, a entidade havia decretado status de emergĂȘncia em razão do surto da doença em diversos paĂ­ses.

"Assim como com a covid-19, o fim da emergĂȘncia não significa que o trabalho acabou. A mpox continua a apresentar desafios de saĂșde pĂșblica significantes que precisam de resposta robusta, proativa e sustentĂĄvel", declarou, à época, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom.

"Casos relacionados a viagens, registrados em todas as regiões, demonstram a ameaça contĂ­nua. Existe risco, em particular, para pessoas que vivem com infecção por HIV não tratada. Continua sendo importante que os paĂ­ses mantenham sua capacidade de teste e seus esforços, avaliem os riscos, quantifiquem as necessidades de resposta e ajam prontamente quando necessĂĄrio", alertou Tedros em 2023.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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