O assédio eleitoral é crime e, desde 2022, o nĂșmero de denĂșncias só tem crescido. Para evitar que um trabalhador ou servidor pĂșblico sofra a pressão direta ou indireta dos patrões ou dos chefes imediatos para votar em determinado candidato, as centrais sindicais lançaram, nesta terça-feira 3, um aplicativo onde é possĂvel que o trabalhador denuncie essa prĂĄtica antidemocrĂĄtica.
O lançamento ocorre em parceria com o Ministério PĂșblico do Trabalho (MPT). A iniciativa partiu da Central Ănica dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), PĂșblica, Intersindical e MPT. A denĂșncia pode ser feita na pĂĄgina do Fórum das Centrais Sindicais.
Paulo Oliveira, secretĂĄrio de Organização e Mobilização da CSB, explicou que os trabalhadores não vão precisar baixar o app. Os sites das centrais e o MPT vão colocar em suas pĂĄginas o QR Code onde o trabalhador, com seu celular, poderĂĄ acessar o canal e denunciar se estiver sendo vĂtima de assédio eleitoral no ambiente de trabalho.
O assédio eleitoral, muitas vezes, ocorre de maneira sutil, segundo a procuradora do MPT Priscila Moreto, quando um empregador defende que seus funcionĂĄrios votem em determinado candidato porque, assim, a empresa continuarĂĄ crescendo. Caso o trabalhador não vote no candidato do patrão, o empregador diz que haverĂĄ mudanças, quando não demissões. "Essa é uma das formas do assédio eleitoral", disse.
O secretĂĄrio nacional de Assuntos JurĂdicos da CUT, Valeir Ertle, alerta que o assédio eleitoral é muito forte no Brasil, até porque em 73% dos 5,7 mil municĂpios, a população varia entre 10 e 20 mil habitantes. "Nessas cidades, é muito comum que os trabalhadores conheçam os candidatos preferidos do empregador, e a pressão para que os funcionĂĄrios votem no candidato indicado é muito forte. A mesma pressão, o assédio, ocorre com os funcionĂĄrios das prefeituras", disse.
O voto livre é um direito fundamental que deve prevalecer em todas as situações, de acordo com a também procuradora do trabalho Danielle Olivares CorrĂȘa, porque, caso contrĂĄrio, o trabalhador torna-se um instrumento dos interesses exclusivos do empregador. Assédio eleitoral é crime e o MPT estarĂĄ atento a toda e qualquer denĂșncia que chegar pelo app.
Nas eleições de 2022, as centrais sindicais e o MPT fizeram a mesma parceria de agora, e o resultado foi o recebimento de 3,5 mil denĂșncias de assédio eleitoral, um percentual 1.600% maior do que o registrado nas eleições de 2018.
O assédio eleitoral ou o "voto de cabresto" não se vĂȘ mais nos rincões do paĂs, onde os coronéis determinavam em qual ou quais candidatos os empregados deviam votar. Esse fenômeno cresceu e veio para os grandes centros urbanos também. Dados extraĂdos do sistema informatizado do MPT, em 2022 foram expedidas 1.512 recomendações e ajuizadas 105 ações civis pĂșblicas contra o assédio eleitoral
As centrais sindicais e o MPT disponibilizaram cartilhas para que os trabalhadores identifiquem as abordagens ilĂcitas no ambiente de trabalho.
Fonte: AgĂȘncia Brasil