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Com aprovação, juízes conservadores ampliam maioria na mais alta instância da Justiça americana. A jurista Amy Coney Barrett em foto de agosto de 2018Rachel Malehorn, rachelmalehorn.smugmug.com, via APO Senado dos Estados Unidos aprovou nesta segunda-feira (26) o nome da juíza Amy Coney Barrett, de 48 anos, para a Suprema Corte. A magistrada, uma católica de perfil conservador, foi escolhida há um mês pelo presidente Donald Trump para substituir a progressista Ruth Bader Ginsburg, morta em setembro.A aprovação era esperada porque o Partido Republicano, o mesmo do presidente Trump, detém a maioria do Senado. Foram 52 votos a favor e 48 contra. O resultado espelha bem a divisão entre os senadores: todos os democratas votaram para barrar Barrett, enquanto do lado republicano apenas uma senadora se opôs à juíza.Os democratas preferiam que a escolha do novo juiz ocorresse depois das eleições de novembro, quando os americanos também elegerão novos senadores em alguns dos estados. A oposição argumentou, sem sucesso, que a nomeação de Barrett era uma manobra para que os juízes conservadores ampliassem a maioria na Suprema Corte antes das eleições — os democratas temem que uma votação apertada judicialize o resultado eleitoral.Amy Coney Barrett, juíza nomeada por Donald Trump à Suprema Corte dos EUA, assiste nesta segunda (12) a pronunciamento remoto da senadora Kamala Harris, candidata a vice-presidenteLeah Millis/Pool/ReutersBarrett passou nas últimas semanas por uma série de sabatinas entre senadores. Ela evitou se antecipar sobre casos judiciais polêmicos nos Estados Unidos, como a decisão da década de 1970 que permitiu o aborto em todo o país — setores políticos mais conservadores esperam que a nova maioria ampliada na Suprema Corte reverta a decisão.A recente discussão sobre nomear um juiz às vésperas das eleições presidenciais fez algumas alas do Partido Democrata a cogitar apoiar o aumento no número de cadeiras na Suprema Corte, caso Joe Biden se eleja. O candidato da oposição se esquivou de dizer que pretende fazer isso, mas disse que pode criar uma comissão bipartidária para avaliar o assunto.Com a nova juíza, serão seis conservadores contra três progressistas. Veja como fica a Suprema Corte.Juízes de perfil mais conservadorClarence Thomas — nomeado em 1991 por George H. W. BushJohn G. Roberts, Jr. — nomeado em 2005 por George W. BushSamuel A. Alito — nomeado em 2006 por George W. BushNeil M. Gorsuch — nomeado em 2017 por Donald TrumpBrett M. Kavanaugh — nomeado em 2018 por Donald TrumpAmy Coney Barrett — nomeada em 2020 por Donald TrumpJuízes de perfil mais progressistaStephen G. Breyer — nomeado em 1994 por Bill ClintonSonia Sotomayor — nomeada em 2009 por Barack ObamaElena Kagan — nomeada em 2010 por Barack ObamaVeja abaixo um PERFIL da juíza Amy Coney Barrett, aprovada para a Suprema Corte dos EUAQuem é Amy Coney BarrettAmy Coney Barrett, indicada à Suprema Corte dos Estados UnidosOlivier Douliery/AFPMãe de 7 filhos, Barrett é católica e tende a ter visão conservadora em temas como a legalização do aborto — prática permitida nos EUA por uma decisão da Suprema Corte de 1973 que é legalmente questionada com frequência no país. Em 2013, a jurista disse que a vida "começa com a concepção".Barrett trabalhou para Antonin Scalia, juiz da Suprema Corte morto em 2016 e a quem a juíza considera um mentor. Ele também era católico e considerado uma das vozes mais proeminentes do conservadorismo americano na Suprema Corte.A juíza ocupou Tribunal de Apelações do 7º Circuito de Chicago, cargo para o qual a magistrada também recebeu indicação de Trump. Ela ganhou projeção nacional ao dar aulas na Universidade de Notre Dame, em Indiana, mesma instituição onde ela obteve o título de doutora.Entenda a escolha de Amy Coney Barrett e a questão do aborto nos EUAA possível nova juíza da Suprema Corte também está alinhada com posições de Trump em relação ao uso de armas e imigração, segundo a rede britânica BBC. Não está claro, porém, se ela e outros juízes mais conservadores tentarão reverter a decisão de 2015 favorável ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma vez que o próprio presidente disse "estar bem" com a decisão favorável a casais gays.Religiosa, Barrett integra com o marido, Jesse, a comunidade católica People of Praise, movimento de renovação carismática baseado em South Bend, Indiana.A participação dela nesse grupo levantou questionamentos de parlamentares democratas na nomeação ao Tribunal de Apelações de Chicago em 2017 sobre uma possível interferência da religião nos julgamentos. A jurista confirmou que segue o catolicismo, mas negou que deixe de seguir a lei por isso.VÍDEOS: Eleições nos EUA em 2020