O maior entre os patos mancos da Casa Branca

Por Rogerio Magno em 17/11/2020 às 10:15:35
Recusa de Trump em aceitar derrota paralisa governo e indica sabotagem ao país. Trump reconhece vitória de Joe Biden em post, mas volta atrás pouco tempo depois

À medida que os argumentos de Donald Trump de que a eleição foi roubada e fraudada caem em desgraça, o presidente americano dificulta a transição de poder para Joe Biden. O caminho para ele recuperar os 38 votos no Colégio Eleitoral e assegurar o segundo mandato tornou-se inviável: arrancar a presidência de Biden significa recuperar três estados, entre eles a Pensilvânia.

Sem ter como sustentar a tese do presidente, a campanha republicana está desmotivada para prosseguir as ações legais no estado. Seus asseclas tentam demovê-lo que o jogo acabou, o placar não tem como ser revertido.

Presidente Donald Trump em sua primeira aparição oficial no cemitério de Arlington, na Virgínia, no dia 11 de novembro de 2020

Carlos Barria/Reuters

Isso posto, por que Trump não facilita? Ao contrário, conforme definiu o colunista Max Boot, do "Washington Post", ele luta para se manter num cargo ao qual já não demonstra o menor interesse em ocupar. Em apenas uma semana, enquanto o presidente contestava o resultado das eleições em mais de 300 tuítes, o país registrava um milhão de novos casos de Covid-19.

Na atual e esdrúxula circunstância, Trump sairá do governo com o título de maior entre os patos mancos -- como são chamados os presidentes em fim de mandato, com sucessor eleito e desprovido de capital político.

Sem admitir a derrota, ele semeia dúvidas sobre o processo eleitoral e ainda bloqueia o acesso da equipe de Biden a informações do governo. Ou seja, o comando dos EUA está no modo off-line, movido a factoides oriundos da Casa Branca. O mais recente dá conta que o comandante em chefe dos EUA cogitou atacar instalações nucleares do Irã nas próximas semanas e foi demovido por seus conselheiros.

É o presidente eleito quem tem transmitido aos americanos orientações mais básicas sobre a pandemia, como a importância do uso de máscaras como única alternativa para salvar vidas. Trump, por sua vez, limita-se a disputar o crédito pelas duas vacinas que estão em fase final.

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A aprovação do pacote de estímulo econômico traduziria a grandeza de um presidente bem-intencionado na reta final do mandato. Contudo, se dissipa por diferenças entre líderes democratas, que pedem US$ 2,4 trilhões, e republicanos, dispostos a gastar um quinto deste montante.

A conduta do presidente indica que Biden será forçado a retardar seu plano de ação, ao assumir a Presidência, no dia 20 de janeiro. "É como passar o bastão em uma corrida de revezamento. Você não pode parar e esperar. E isso é transição", comparou o epidemiologista Anthony Fauci, considerado o principal infectologista do país, à rede CNN.

A derrota de Trump, com o ego afrontado e atolado em ressentimentos, impõe o ritmo de paralisia dos órgãos do governo que é também um indício de sabotagem ao país.

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Fonte: G1

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