Por que os republicanos não confrontam Trump?

Por Rogerio Magno em 25/11/2020 às 08:02:51
Popularidade de presidente, que reina absoluto na preferência de seus eleitores, faz demais políticos do partido reféns dele nas alegações infundadas de fraude nas eleições. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em imagem de 13 de novembro

Carlos Barria/Reuters

Duas pesquisas de opinião explicam o domínio que o presidente Donald Trump exerce sobre os líderes republicanos, mantendo-os coniventes com as acusações sem provas de que a eleição que consagrou Joe Biden foi roubada. A maioria dos republicanos ouvidos assegurou que em 2024 apoiaria a terceira candidatura do presidente -- 54% na sondagem realizada por Morning Consult/Politico e 66% na da Seven Letter Insight.

Na primeira enquete, 71% disseram considerar o presidente mais eficiente e comprometido com os interesses dos EUA do que os republicanos do Congresso. Na segunda pesquisa, 80% duvidam da legitimidade do processo eleitoral que negou a Trump um segundo mandato.

Ou seja, tudo indica que ele deixará a Casa Branca em janeiro sem reconhecer explicitamente a derrota para Biden e respaldado como favorito entre seus correligionários para disputar a próxima eleição. Quase 70% veem Trump como o político mais próximo das bases do partido.

A popularidade do presidente transformou líderes e políticos republicanos em reféns dele. Poucos se atreveram a confrontá-lo em seus argumentos infundados de fraude generalizada no pleito do dia 3.

A maioria continua leal a Trump: teme enfrentar a ira de seus partidários e o capital político acumulado em 73,7 milhões de votos -- seis milhões a menos do que Biden. E ele tira proveito disso, consciente de que atualmente não há expoente no partido capaz de lhe desafiar.

Na pesquisa Morning Consult/Politico, 12% disseram que apoiariam uma possível candidatura do vice Mike Pence à Presidência; 8% respaldariam Donald Trump Jr., o filho do presidente. Outras figuras republicanas, como o senador Ted Cruz e Nikki Haley, a ex-governadora da Carolina do Sul, tiveram 4% de apoio.

Trump finalmente concordou em facilitar a transição de governo, embora sem admitir que Biden venceu a eleição, no mesmo dia em que mais três senadores se distanciaram do presidente. São oito até agora, um número insignificante, levando-se em conta o total de 53.

Os demais políticos do partido preferem manter-se em silêncio ou neutros, pelo menos publicamente, enquanto as tentativas do presidente de deslegitimar a eleição tornam-se, a cada dia, menos sustentáveis.

O estrago para a democracia americana, contudo, já está feito. Nos 18 dias que se seguiram à vitória de Biden, Trump jogou golfe seis vezes e postou 550 tuítes, a maioria dos quais subvertendo o processo eleitoral. Ainda que não saia candidato, ele prepara terreno para que nas próximas eleições outros candidatos possam fazer o mesmo: minar o resultado das urnas, caso não lhes agrade ou favoreça.

Trump vai jogar golfe em Sterling, na Virginia, durante cúpula virtual do G20

Tasos Katopodis/Getty Images/AFP

Fonte: G1

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