Biden assume comando de país doente e fraturado

Por Rogerio Magno em 20/01/2021 às 08:41:27
Presidente dos EUA enfrentará desafios para lidar com danos causados por Trump e usar um idioma comum para convencer americanos e recuperar a confiança de aliados externos. O presidente eleito dos EUA, Joe Biden, durante pronunciamento em Wilmington, Delaware, em 6 de janeiro

Susan Walsh/AP

Ao assumir as rédeas de uma nação doente e fraturada, o presidente Joe Biden ainda terá que seguir os rastros espalhados pelo governo Trump, incluindo o segundo julgamento de impeachment no Senado. Apenas duas semanas após o aterrorizante ataque ao Capitólio, encorajado pelo antecessor, Biden precisa ser assertivo e usar um idioma comum para convencer os americanos de que a cura é possível.

Ele herda um panorama mais assustador do que o encarado há 12 anos por Barack Obama, de quem atuou como vice-presidente, com o país envolvido em uma crise econômica e duas guerras. Os Estados Unidos de hoje estão imersos na conjunção pandemia-recessão-desemprego, fragmentados internamente e amargam o desprestígio entre seus aliados tradicionais.

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O novo presidente americano terá que recorrer à experiência de quatro décadas de vida política para juntar cacos e fechar feridas. Na véspera da posse, o país atingiu a marca dos 400 mil mortos por Covid-19 -- a média de vítimas fatais equivale a um 11 de Setembro a cada dia. Nesse ritmo, a previsão é de mais 100 mil mortos até o fim de fevereiro.

O processo de distribuição de vacinas ainda é lento e caótico para suprir as necessidades urgentes de recuperação do país. Biden propõe um plano de resgate de US$ 1,9 trilhão, que se traduz em benefícios como pagamentos adicionais de US$ 1,4 mil aos afetados pela pandemia.

Em um sinal da politização extrema da pandemia, um quarto dos americanos ainda se recusa a usar máscaras. Entre os republicanos, metade rejeita a proteção facial, seguindo o exemplo de Trump. Biden planeja tornar o uso obrigatório em repartições federais.

O julgamento político de seu antecessor no Senado pode servir de distração e ser um entrave à agenda do novo governo. O presidente empossado terá de se equilibrar numa linha tênue, se pretende trazer para o seu campo os eleitores de Trump descontentes, sem perder de vista que 70% dos partidários do ex-presidente ainda acreditam que a eleição foi fraudada.

No cenário externo, os desafios são prementes para restaurar o papel de liderança dos EUA, esfacelado pelo governo Trump, com seu mantra "America em primeiro lugar". Os frequentes atropelos minaram a confiança de países aliados e fragmentaram alianças duradouras. A China ganhou terreno.

O esforço de Biden será árduo para trazer de volta ao país o título de guardião da democracia, em um momento em que seus valores parecem tão vulneráveis. Mas seu caminho começa invariavelmente pela defesa da Constituição.

Fonte: G1

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