Rússia ameaça e prende opositores antes de manifestações

Por Rogerio Magno em 22/01/2021 às 09:51:03
Governo russo já havia detido Alexei Navalny no dia 17 de janeiro, quando ele retornou da Alemanha. Prisões são para tentar evitar manifestações no fim de semana. O político de oposição russo Alexei Navalny sorri durante uma entrevista com o youtuber russo Yury Dud em Berlim, na Alemanha, em frame retirado de um vídeo divulgado nesta terça-feira (6)

Reprodução/YouTube vDud/Divulgação via Reuters

A Justiça da Rússia prendeu, nesta sexta-feira (22), a porta-voz e diversos apoiadores de Alexei Navalny, o principal opositor do presidente Vladimir Putin.

Polícia russa prende opositor Alexei Navalny no aeroporto de Moscou

O próprio Navalny foi preso no dia 17 de janeiro, ao retornar de cinco meses de convalescença na Alemanha após suspeita de envenenamento, do qual acusou o Kremlin. Moscou rejeita essas acusações.

A porta-voz, Kira Yarmysh, terá que passar nove dias na prisão.

Oposicionista do governo russo, Alexei Navalny é preso ao voltar ao país

As detenções são uma forma de esvaziar um protesto que estava agendado para o sábado. De acordo com o governo russo, essa manifestação é ilegal.

Foram convocado protestos em 65 cidades russas para exigir a libertação de Navalny.

Em Moscou, a polícia prometeu "reprimir sem demora" qualquer reunião não autorizada, por considerar uma "ameaça à ordem pública".

A polícia prendeu também a coordenadora da sede de Navalny em Vladivostok, no Extremo Oriente, Ekaterina Vedernikova, e uma colaboradora da sede de Novosibirsk, na Sibéria, Elena Noskovets.

Também foi presa a coordenadora de Tyumen, nos Urais, de outra colaboradora do enclave de Kaliningrado e de Serguei Boïko, cuja coalizão em Novosibirsk, na Sibéria, desafiou o partido do Kremlin nas eleições regionais de setembro.

Um outro colaborador, Liubov Sobol, foi preso nesta sexta-feira.

A chefe da equipe de Navalny em Krasnodar, no sul da Rússia, Anastassia Pantchenko, também foi presa na quinta-feira.

Advertências e apoios

Diante da mobilização marcada para sábado, o Kremlin, o Ministério Público e o Ministério do Interior advertiram contra a participação nos protestos, sugerindo uma possível dispersão brutal dos manifestantes.

O porta-voz de Vladimir Putin, Dmitri Peskov, reiterou nesta sexta que tais manifestações são "ilegais".

O órgão de telecomunicações russo ameaçou as redes sociais com multas se não retirassem as chamadas para protestar e, em particular, alertou as plataformas Tik Tok e Vkontakte, o equivalente russo do Facebook.

A imprensa também noticiou advertências de universidades e escolas para desencorajar os alunos de protestar ou encorajar os pais a "protegerem seus filhos".

Nos últimos dias, milhares de vídeos e mensagens de apoio ao opositor têm circulado no Tik Tok.

A chefe do canal de televisão estatal russo RT, Margarita Simonyan, acusou "Tik Tok, de propriedade chinesa, de tentar orquestrar uma guerra entre crianças na Rússia". Ela estimou que a empresa tinha meios de censurar esse conteúdo "em dois minutos".

Navalny também recebeu o apoio de atores, músicos e atletas, incluindo personalidades geralmente afastadas da política, como o ex-capitão da seleção de futebol russa, Igor Denisov, ou do astro da música Monetotchka, muito popular entre os jovens.

Pressão da União Europeia

E no plano internacional, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, anunciou que havia telefonado para o presidente russo para exigir a "libertação imediata" de Navalny.

O líder europeu expressou "sérias preocupações" da União Europeia em relação a Navalny e pediu "respeito total e incondicional por seus direitos".

Após sua prisão no domingo, Alexei Navalny publicou uma investigação sobre um imvóvel do presidente Vladimir Putin nas margens do Mar Negro, cuja construção teria custado mais de um bilhão de dólares.

Um vídeo sobre a investigação foi visto mais de 53 milhões de vezes no YouTube.

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Fonte: G1

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