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Conheça o líder indígena que surpreendeu como 'terceira via' no 1º turno no Equador, mas prefere ficar neutro na definição do presidente


Yaku Pérez, representante dos povos indígenas, quase foi ao segundo turno das eleições. Ele afirma representar a terceira via no Equador: um político de esquerda, mas não tradicional, que vem do movimento ambientalista. 'Nosso voto será nulo': diz 3º lugar nas eleições no Equador sobre 2º turno

O Equador vai votar no dia 11 de abril para escolher se o próximo presidente será Guillermo Lasso, conservador que concorre à presidência pela terceira vez, ou Andrés Arauz, candidato que representa uma das maiores forças políticas do país, os apoiadores do ex-presidente Rafael Correa.

Os eleitores que serão decisivos para a vitória, no entanto, são de um terceiro político, que ficou de fora do segundo turno por menos de 33 mil votos: Yaku Perez, do Movimento Plurinacional Pachakutik.

Yaku Pérez durante a campanha à presidência do Equador, em 3 de fevereiro de 2021

Rodrigo Buendia/AFP

De acordo com dados do Conselho Eleitoral, o resultado do primeiro turno foi o seguinte:

Andrés Arauz: 32.72%

Guillermo Lasso: 19.74%

Yaku Pérez:19.38%

População do Equador vai às urnas para renovar Parlamento e escolher presidente

A votação de Perez no primeiro turno foi muito maior do que previam os institutos de pesquisa —estimava-se que ele teria cerca de 13% dos votos, e ele se aproximou dos 20%.

Perez não endossou nenhum dos candidatos que seguiram no páreo: "Nós votamos pela ecologia, pela liberdade, e eles não têm essas qualidades. Nosso voto será nulo", disse ele em entrevista a G1.

A terceira via do Equador

Pérez se apresenta como uma terceira via para o Equador porque se declara de esquerda, mas não se encaixa no "correísmo" (uma referência a Rafael Correa).

Ele afirma que pertence a uma esquerda "comunitária, fruto da conciliação da sabedoria dos povos originários e as epistemologias (estudos sobre conhecimentos) pós-modernas, da defesa da natureza, disposta a combater a mudança climática, ecologista".

Para fazer um contraste com Rafael Correa, ele afirma que não pertence à esquerda "dogmática, stalinista, ortodoxa, extrativista, machista, corrupta, autoritária e prepotente".

A pauta ecológica volta ao seu discurso com frequência: durante a entrevista, ele afirma que tem uma conexão "com a Pachamama" (divindade dos povos dos Andes) e que "a natureza não é um objeto a ser explorado, mas como um sujeito de direitos, um ser vivo" e diz que governos de esquerda da América Latina que permitem a exploração de minérios ou petroleira também são capitalistas, pois foi com a exploração extrativista que se iniciou o capitalismo na região.

Defesa da água

Advogado de formação, ele se tornou um ativista pela preservação, especialmente em questões ligadas à água. "Eu não prego, eu pratico a ecologia", diz ele. Como exemplo, ele lista as ocasiões em que foi preso ou ferido por "defender a água no tempo de Corrêa". Foram quatro prisões, duas agressões e nove pontos no rosto, enumera.

Depois de ficar conhecido pelo seu ativismo, venceu as eleições de 2019 para o cargo equivalente ao de governador de uma província do Equador chamada Azuay.

Ele ia de bicicleta ao trabalho, e essa acabou sendo também uma de suas marcas na campanha presidencial de 2021 —ele pedalava para os eventos de campanha.

Atahualpa e Pizarro

O tema da colonização de seu país também é recorrente no discurso.

Pérez, que afirma ser um indígena, comparou sua situação no fim do primeiro turno com a do último rei inca, Atahualpa, ao dizer que foi traído por um de seus adversários diretos, Guillermo Lasso.

O político chegou a receber de um de seus adversários diretos, Guillermo Lasso, uma promessa de apoio para que houvesse uma recontagem de votos. Lasso, no entanto, voltou atrás e foi disputar o segundo turno.

Para Pérez, foi uma traição, como a que Atahualpa sofreu do colonizador do Peru e do Equador, Francisco Pizarro.

"Atahualpa (o último rei inca) foi traído por [Francisco] Pizarro. Pizarro sequestrou Atahualpa e exigiu ouro para que o soltasse. O ouro foi entregue, mas Pizarro quebrou os acordos e seguiu a conquista. Nós chegamos a um acordo com Lasso que determinava que metade das urnas de Guayaquil e do interior seriam abertas. Foi um acordo com testemunhas e aplausos no final. No dia seguinte, ele violou sua palavra, quebrou seu acordo e agora não quer que se abram as urnas."

Anos de crise

O político afirma que Arauz, o candidato de Correa, deve ganhar, a não ser que haja algo muito improvável. Lasso, diz ele, tem um teto de votação por ter sido ministro de um governo impopular e por ter sido banqueiro.

Por isso que, segundo Pérez, para Arauz, é mais interessante ter Lasso, e não ele, como concorrente no segundo turno.

Ele prevê, no entanto, que seja quem for o vencedor, o país entrará em crise: "Com Lasso haverá privatizações, o FMI, política neoliberal. Se ganha o Arauz, haverá déficit, Correa virá com uma Assembleia Constituinte, vamos estar parecidos com a Venezuela em pouco tempo".

Sua aposta é que o fracasso do próximo presidente fará com que o Equador enfim procure uma outra via —no caso, ele acredita ser ele: "Somos a terceira via. Talvez não seja o momento agora, mas [será], em alguns poucos anos", afirma.

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