Como uma partida de futebol fez a União Europeia passar a criticar a Hungria por lei contra gays

Por Rogerio Magno em 22/06/2021 às 13:03:36
O estádio que vai receber o jogo entre Alemanha e Hungria ia ser iluminado com as cores do arco-íris. A Uefa, entidade que organiza o futebol europeu, proibiu. Os ministros de Relações Exteriores de alguns países, então, passaram a criticar uma lei húngara que proíbe 'a promoção da homossexualidade'. Torcedores húngaros em 19 de junho de 2021

Bernadett Szabo / AFP

A Hungria recebeu críticas da União Europeia nesta terça-feira (22) por adotar uma lei que proíbe a "promoção" da homossexualidade entre menores de idade —na verdade, a regra é uma forma de proibir conteúdo que represente a homossexualidade se ela for acessível a menores de idade.

A legislação húngara estabelece que "a pornografia e os conteúdos que representam a sexualidade ou promovem o desvio da identidade de gênero, a mudança de sexo ou a homossexualidade não devem ser acessíveis a menores de 18 anos".

Eurocopa: Boris Johnson coloca em dúvida a realização da final em Londres; Uefa estuda mudar jogos para a Hungria

Torcida da Hungria é investigada por casos de discriminação na Eurocopa

O ministro de Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, disse que a lei é "indigna da Europa", porque "as pessoas têm o direito de viver como quiserem, não estamos mais na Idade Média".

Ao chegar a uma reunião de ministros de Assuntos Europeus, Asselborn pediu que a Comissão Europeia reagisse. Luxemburgo, Bélgica e Holanda elaboraram uma declaração conjunta sobre o caso. Uma fonte diplomática europeia afirmou que o documento já tem o apoio de mais de dez países.

O vice-ministro alemão de Assuntos Europeus, Michael Roth, denunciou disposições que "violam claramente os valores da União Europeia", e o ministro irlandês de Assuntos Europeus, Thomas Byrne, expressou sua preocupação com um "momento muito perigoso para a Hungria e a União Europeia".

Tema discutido por causa do futebol

A legislação húngara já é alvo de análise nas capitais europeias há meses, mas o caso veio à tona por um outro caso semelhante, envolvendo futebol.

O estádio de Munique seria iluminado com as cores do arco-íris na quarta-feira, em uma partida entre Alemanha e Hungria. A Uefa, a entidade responsável pelo esporte na Europa, não deu autorização para a iluminação.

O ministro francês de Assuntos Europeus, Clément Beaune, disse que a França "lamenta" a decisão da Uefa.

Na opinião de Beaune, a lei húngara "cria claramente uma discriminação contra a orientação sexual, contra a homossexualidade, a qual compara com uma forma de ameaça ou propaganda".

Hungria rejeita críticas

O ministro das Relações Exteriores da Hungria, Peter Szijjarto, rejeitou as críticas europeias e afirmou que são "notícias falsas".

De acordo com o chanceler húngaro, a polêmica legislação não está "direcionada contra nenhuma comunidade na Hungria, apenas contra os pedófilos".

"Esta lei não diz nada sobre a orientação sexual dos adultos. Ela só diz que, enquanto as crianças forem menores de 18 anos, sua educação sexual é responsabilidade exclusiva dos pais, é só isso", insistiu.

Ele acrescentou que a votação no Parlamento húngaro é "uma competência nacional que não deve ser questionada".

Explicações aos pares

A Hungria já é alvo de outros processos por parte da União Europeia, assim como a Polônia, por denúncias de abusos contra o Estado de Direito.

Neste contexto, os ministros desses dois países deverão dar explicações aos seus pares na reunião desta terça-feira.

Esta será a quarta audiência para o governo polonês, acusado de atacar a independência do poder judiciário. E será a terceira para a Hungria, acusada de ameaçar a independência dos juízes, mas também de violações da liberdade de expressão e dos direitos dos migrantes e refugiados, em particular.

Veja os vídeos mais assistidos do G1

Fonte: G1

Comunicar erro
Rede Ideal 1

Comentários

Telecab