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Brasileiros testemunharam explosão que deixou pelo menos dez mortos e dezenas de feridos na capital do Líbano. 4 de agosto - Combinação de imagens mostra bola de fogo explodindo em Beirute, LíbanoMouafac Harb/AFPO brasileiro Luiz Felipe Czarnobai, de 34 anos, estava em seu apartamento próximo ao porto de Beirute com seus três filhos e a babá das crianças quando viu a explosão que atingiu a cidade nesta terça-feira. O incidente deixou pelo menos 30 mortos e dezenas de feridos. Explosão em Beirute; FOTOSVÍDEOS da explosão em BeiruteVeja como era a o porto de Beirute antes da explosão"Quase todas as janelas do meu apartamento vieram abaixo", conta Luiz Felipe. Seu filho mais velho, de 9 anos, estava próximo à janela quando viu a explosão e gritou o nome da babá, Welet Tekle. Número de mortes em explosão no porto de Beirute, no Líbano, passa de 100"Eu estava a três metros e gritei 'corre'", conta Luiz Felipe. "Welet foi nossa heroína, depois que gritei, foi ela que puxou meu filho Gustavo, de 9 anos, e os salvou dos estilhaços da explosão"."Eu só vi uma luz forte vindo em direção à janela da sala, ouvi um barulho enorme e o vidro [da sala] quebrando."Especialistas avaliam explosão em Beirute: 'onda de choque e calor é nítida'Explosão pode ter relação com fertilizante que já causou estragos nos EUA, na China e na FrançaFoto tirada por brasileira em Beirute mostra fumaça rosa saindo do porto após explosãoIsabella Hijazi/BBCO brasileiro entrou pegou os dois outros filhos mais novos, que estavam em outro cômodo, e se escondeu debaixo da cama com os filhos e a babá. "Ficamos debaixo da cama durante uns 20 minutos, esperando meu marido chegar", conta. Seu marido, também brasileiro, estava em outro prédio cujas janelas também foram danificadas e machucou a mão de leve. Após a explosão ele foi correndo para casa. "Eu estava com meu celular e consegui ligar para meu marido e dizer que a gente estava bem", conta. Quando saiu de baixo da cama, Luiz Felipe viu que quase todas as janelas do apartamento — no 21º andar do prédio — estavam quebradas. Felizmente a família não se machucou com os estilhaços das janelasLuiz Felipe Czarnobai/Arquivo pessoal/Via BBC"Agora as crianças estão calmas, estão dormindo, mas estamos sem janelas. Está cheio de vidro, então não dá nem para chegar perto", diz ele. A família não saiu do apartamento depois da explosão. "Dá para ver a enorme movimentação na rua, cheia de carros e ambulâncias."Fumaça rosaA brasileira Isabella Hijazi, de 20 anos, que mora a cerca de três quilômetros do porto de Beirute, diz que tomou um susto enorme com a explosão. Isabella mora a dez minutos do porto e estava em casa vendo séries quando sentiu o chão tremer violentamente. "Do nada começou a tremer o chão da minha casa, eu achei que era um terremoto", conta. "As janelas tremeram e abriram, minha cortina voou para dentro de casa, quase tive um ataque do coração. Então olhei pela janela e vi uma fumaça rosa", conta a estudante brasileira de Foz do Iguaçu, que mora há 3 anos no Líbano. "Diversas janelas nos prédios em volta quebraram". Ela disse que chegou a pensar que pudesse ser um ataque terrorista, devido ao histórico de ataques politicamente motivados no país, mas achou a cor da fumaça estranha. "Fiquei desesperada e liguei a TV. Primeiro ninguém estava sabendo o motivo, depois falaram sobre a possibilidade de ter sido uma explosão num carregamento de contêineres com fogos de artifício."Isabella não saiu para a rua. "[As autoridades] deram instruções para a gente ficar em casa até que as coisas fiquem mais calmas", conta. "Aqui ninguém se machucou, graças a Deus", diz ela, que mora no mesmo prédio que seus primos libaneses.A brasileira Lia Vicentin, de 34 anos, que mora a 7 km do porto, estava passeando com o gato na área comum no térreo do prédio quando ouviu a explosão. "Senti o chão tremer e dois segundos depois todas as portas de vidro da recepção quebraram", conta. "Eu e o porteiro ficamos chocados e vimos pessoas saindo dos prédios e perguntando o que estava acontecendo." Quando subiu para seu apartamento, foi que Lia viu a fumaça vindo do porto. "E o prédio tremeu muito, chegou a arrebentar a porta da minha casa.""Imagina que a gente está a 7 km do porto, então foi muito forte mesmo".Outra brasileira no país, a guia turística Carla Mussallam Al Masri, de 53 anos, estava ainda mais longe: a 35 quilômetros de distância do local da explosão."Eu estava de folga, na praia. Estava longe, mas ouvi o barulho da explosão. Achei que fosse uma bomba em Beirute. Liguei para minha filha, que estava dando aula no momento. Mas ela estava bem", conta.A filha de Carla, a professora de ginástica Yasmin Mussallam Al Masri, de 22 anos, estava a cerca de 10 minutos da região portuária de Beirute."A porta do prédio começou a bater. Achamos que era alguém batendo. Mas logo depois tudo tremeu e as janelas começaram quebrar", conta. Segundo Yasmin, seguranças e policiais pediram para as pessoas ficarem dentro dos edifícios. "Os vidros dos prédios ficaram caindo na rua por mais de 15 minutos. Quando saí, estava tudo branco de fumaça e o bairro estava destruído. Muita gente estava machucada, os carros quebrados na estrada e muitas ambulâncias na rua", relata. O que se sabe até agora?As causas da explosão ainda não foram esclarecidas, mas há relatos de que poderia ter sido um acidente. A Agência Nacional de Notícias do Líbano relatou que ocorreu um incêndio em um depósito de explosivos no porto antes da explosão.Fotos mostram que dezenas de quilômetros foram atingidos e diversos incêndios ainda estão sendo apagados pelos bombeiros. Relatos dão conta de que prédios balançaram e vidros quebraram a dezenas de metros do local — aparentemente diversos edifícios sofreram danos estruturais.