Protestos de caminhoneiros no Canadá contra passaporte de vacina levam a estado de emergência: entenda

Por Rogerio Magno em 11/02/2022 às 21:14:37
O passaporte da vacina foi introduzido pelo governo canadense em 15 de janeiro. A regra exige que os caminhoneiros não vacinados fiquem em quarentena ao cruzar a fronteira de volta para casa. Protestos de caminhoneiros no Canadá contra passaporte de vacina levam a estado de emergência

Reuters/Carlos Osorio

Os protestos contra as restrições da Covid-19 liderados por caminhoneiros no Canadá já duram duas semanas e passam a causar mudanças importantes, como a declaração de estado de emergência na capital do país.

As manifestações começaram no final do mês passado no centro de Ottawa, onde permanecem cerca de 400 caminhões.

Apesar de cerca de 90% dos 120 mil caminhoneiros que cruzam as fronteiras do Canadá já estarem vacinados, a manifestação dos motoristas, chamados de "Comboio da Liberdade", cresceu e foi além do apelo para acabar com a exigência do passaporte vacinal especificamente nas fronteiras. Muitos clamam pelo fim da necessidade de mostrar esse documento em todo o país.

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Protestos de caminhoneiros no Canadá: entenda a crise

O passaporte da vacina foi introduzido pelo governo em 15 de janeiro. A regra exige que os caminhoneiros canadenses não vacinados fiquem em quarentena assim que cruzem a fronteira de volta para casa.

O que os protestos já causaram

A cidade de Ontário, capital do país, declarou, nesta sexta (11), estado de emergência.

A ordem veio por que as manifestações continuam fechando partes da Ponte Ambassador de Ottawa e Windsor, um importante ponto de entrada para o comércio EUA-Canadá.

Duas das maiores montadoras do mundo, Ford e Toyota, dizem que a produção está sendo interrompida pelos protestos.

De acordo com seus representantes, as fábricas foram forçadas a fechar porque peças de carros estão sendo retidas em dois pontos de fronteira dos EUA. Estima-se que a interrupção do comércio esteja custando US$ 300 milhões (cerca de R$ 1,5 bilhão) por dia.

Os protesto liderados por caminhoneiros no Canadá já duram duas semanas

Reuters/Blair Gable

Do outro lado da fronteira, a General Motors disse que foi forçada a cancelar dois turnos de produção em uma fábrica em Michigan, onde fabrica veículos utilitários esportivos.

As paralisações são mais um golpe para a indústria automobilística, que já enfrentava uma escassez global de chips semicondutores devido aos efeitos econômicos da pandemia.

De acordo com o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, o bloqueio de infraestrutura crucial é "ilegal" e os manifestantes podem enfrentar até um ano de prisão e US$ 100 mil em multas.

Em uma coletiva de imprensa na sexta-feira, Ford disse que a ordem se aplicará a qualquer pessoa que impeça o movimento de mercadorias, pessoas e serviços ao longo de passagens internacionais de fronteira, aeroportos, portos e grandes rodovias.

A província também fornecerá autoridade adicional para que as licenças pessoais e comerciais dos manifestantes que não cumpram possam ser canceladas. "Haverá consequências, e elas serão severas", disse ele.

Na última quinta-feira (10), os secretários de Segurança Interna e Transportes dos EUA "estimularam os colegas canadenses a usar os poderes federais para resolver esta situação em nossa fronteira conjunta e oferecendo todo o apoio de nossos departamentos de Segurança Interna e Transportes", de acordo com um funcionário da Casa Branca.

Como muitos países, o Canadá está lidando com o aumento da inflação e uma cadeia de suprimentos já tensa pela pandemia, escassez de mão de obra e condições climáticas.

Os preços estão em alta, inclusive para alimentos e gasolina. Encontrar alguns produtos nas prateleiras dos supermercados também está ficando cada vez mais difícil - e a economia do Canadá depende fortemente dos homens e mulheres que conduzem a grande maioria dos alimentos e bens consumidos no país através da fronteira.

Milhares de manifestantes se juntaram aos motoristas nos últimos dias

Reuters/Patrick Doyle

Milhares de manifestantes se juntaram aos motoristas no centro da capital. O movimento também recebeu o apoio de alguns políticos da ala conservadora.

De acordo com a polícia local, as autoridades iniciaram investigações após o registro de várias ocorrências, incluindo o aparecimento de bandeiras com a suástica e imagens de uma mulher dançando no túmulo do soldado desconhecido, um monumento que homenageia os combatentes canadenses que participaram de guerras no passado.

Imagens nas redes sociais e divulgadas pela imprensa mostram as longas filas de caminhões aplaudidos por pessoas reunidas nas estradas e viadutos, muitas vezes acenando com bandeiras canadenses e placas com críticas ao primeiro-ministro do país, Justin Trudeau.

Os caminhoneiros pediram doações de apoiadores arrecadaram mais de US$ 8 milhões por meio da plataforma online GiveSendGo, depois de serem expulsos do GoFundMe por supostamente violar sua política de assédio. No entanto, um tribunal de Ontário impediu que manifestantes acessassem doações online.

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Fonte: G1

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