Brasileira em Kiev recebe documento da filha recém-nascida, e família aguarda trem para sair da Ucrânia: 'Questão de vida ou morte'

Por Rogerio Magno em 28/02/2022 às 13:25:43
Kelly Müller explica que documentações eram fundamentais para saída do país de forma legal. Ela foi à Kiev, junto do marido, para buscar filha que nasceu no dia 27 de janeiro deste ano. Família ficou dentro de abrigo improvisado. Brasileira em Kiev recebe documentos da filha, e Embaixada libera família saia da Ucrânia

O casal de brasileiros Kelly Lisiane Müller e Fabio Wilkes receberam na manhã desta segunda-feira (28) os documentos que faltavam da filha recém-nascida, Mikaela - gerada em barriga de aluguel. Com isso, a Embaixada do Brasil liberou que a família saia da Ucrânia.

Kelly, que é de Guaratuba, no litoral do Paraná, explica que essas documentações eram fundamentais para tentativa de saída do país de forma legal.

"Nosso grupo de brasileiros, que está com as duas bebês, conseguiu chegar até a Estação Central de Kiev. A intenção é pegar um trem para Varsóvia, na Polônia, mas esse trem tem muita procura, então nós vamos buscar outro trem caso a gente não consiga entrar nesse. A importância para a gente desse apoio dos outros países é questão de vida ou morte", disse ela.

Brasileira em Kiev recebe documento da filha recém-nascida, e família aguarda trem para sair da Ucrânia

Arquivo pessoal

Ela foi à Kiev, junto do marido, para buscar a filha que nasceu no dia 27 de janeiro deste ano. A família ficou dentro de um abrigo improvisado - oferecido pela empresa que realiza o processo de fertilização e reprodução humana assistida - de 40 m².

"Encerrou o toque de recolher que durou todo o final de semana até hoje às 8h e, à princípio, o próximo toque de recolher só é às 22h, então, tem uma janela boa e o cenário estava bom. A embaixada deu sinal verde para a gente se deslocar".

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Nesse abrigo haviam outros 30 estrangeiros de países como Itália, Alemanha, Noruega, Turquia e também outros do Brasil. Todos que estavam no local improvisado foram para Ucrânia para buscar os filhos que foram gerados por reprodução assistida.

Casal se prepara para deixar a Ucrânia em segurança

Arquivo pessoal/Reprodução

Os estrangeiros, junto ao casal brasileiro, ficaram na estrutura anti-bombas (um bunker), localizada no subsolo de um prédio de oitos andares. Ali havia apenas um banheiro, nenhum fogão, uma cafeteira com pó de café que pode durar até um dia e algumas camas improvisadas.

"A situação mudou do nada. Eu não achei que ia ter guerra, na minha cabeça essa guerra não ia acontecer. O Putin já tinha ameaçado invadir aqui em abril, quando nós estivemos aqui, e ele recuou".

Kelly e o marido Fabio Wilke estão juntos há mais oito anos. Ela teve três gestações que não foram para a frente. Depois de várias tentativas, o sonho quase foi deixado de lado.

O método de gestação de substituição (barriga de aluguel) deu um novo sentido na vida dos dois, que buscou por clínicas especializadas na Ucrânia, que é muito procurada por casais do mundo todo.

Ao g1 MS, ela relatou que chegou à Ucrânia no dia 7 de janeiro para acompanhar o nascimento da filha.

Ainda em solo ucraniano, Mikaela é cuidada pelos pais

Arquivo pessoal/ Reprodução

Kelly está na Ucrânia pela segunda vez e agora finalmente tem sua filha no braço, porém não imaginava que estaria em uma situação como essa.

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Além da tensão e incerteza de que o conflito com a Rússia se agravasse, Kelly e o esposo testaram positivo para Covid no dia de conhecer a filha.

Em Kiev, o plano inicial era regulamentar a documentação da filha e retornar para casa o quanto antes, mas o casal precisou passar nove dias em quarentena e lidar com burocracias que atrasaram o retorno e fez com que estivessem no país durante a guerra.

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A invasão

A Rússia iniciou, na madrugada de quinta-feira, uma ampla operação militar para invadir a Ucrânia. Há imagens de explosões e movimentações de tanques em diferentes cidades ucranianas. Putin disse às forças ucranianas que deponham as armas e voltem para casa.

“Quem tentar interferir, ou ainda mais, criar ameaças para o nosso país e nosso povo, deve saber que a resposta da Rússia será imediata e levará a consequências como nunca antes experimentado na história”, afirmou o presidente russo, Vladimir Putin.

Putin atacou o leste da Ucrânia com misseis e explosões. Em resposta, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que distribuiu armas aos ucranianos.

A capital, Kiev, teve congestionamentos, corrida aos mercados e estações de trem lotadas. Milhares de moradores começaram a deixar a cidade desde as primeiras horas do dia.

Fortes explosões foram ouvidas por jornalistas das agências internacionais de notícias no centro de Kiev e também em outras cidades ucranianas.

O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, acusou Putin de iniciar uma "invasão em grande escala" contra seu país. "Cidades ucranianas pacíficas estão sob ataque", tuitou Kuleba.

Países contrários à invasão, como Estados Unidos, França e Inglaterra, anunciaram sanções para sufocar a economia russa, numa tentativa de desestimular os ataques.

Brasileiros que vivem no país tentam deixar a Ucrânia e relatam clima assustador.

Mapa mostra locais da Ucrânia que foram bombardeados em ataques da Rússia

Arte g1

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Fonte: G1

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