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China

Desastres naturais aumentam casos de discriminação, sobretudo de mulheres


Um estudo publicado no jornal científico China Economic Quarterly International revelou que, além das consequências ao meio ambiente, desastres naturais também ampliam casos de discriminação – em especial, contra as mulheres.

O estudo assinado por Ruibing Liang, professor de Economia da Universidade Xiamen, analisou a região de inundações do Rio Amarelo (YRFR, na sigla em inglês), em busca de determinar como a incidência maior de avanços do rio formou a cultura da área. Para isso, o especialista utilizou dados de vários censos anuais de população, cruzando-os com informações da Pesquisa Social Geral da China – um levantamento demográfico feito anualmente pelo governo.

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Devido à sua alta importância econômica, o Rio Amarelo na China apresenta alta atividade comercial em pesca, mineração e outras vertentes, mas a sua propensão a desastres naturais aumentam casos de discriminação contra mulheres (Imagem: Sirisak_baokaew/Shutterstock)

“Poucos estudos discutiram de forma compreensiva o impacto generalizado de uma calamidade natural em três variáveis culturais principais – especificamente, normativas de gênero, crenças religiosas e confiança. Usando a região de inundações do Rio Amarelo como caso de estudo, eu queria ver como as inundações frequentes influenciaram essas variáveis”, explicou o acadêmico.

Liang descobriu, então, que existe uma supervalorização de filhos sobre filhas e a empregabilidade favorece o sexo masculino em relação ao feminino. Em números: a região estudada apresentou, por exemplo, 109 meninos para cada 100 meninas dentro da área pesquisada (versus 105 meninos para 100 meninas fora dela). No que tange à oferta de empregos, a força de trabalho feminina é 21,1% por cento menor dentro da região de inundações se comparada a outras áreas.

“Eu também descobri que, ainda que as pessoas que vivam dentro da YRFR tenham a tendência de acreditar e participar de atividades religiosas com mais frequência, eles tendem a rejeitar mais as religiões estrangeiras, como o Cristianismo”, disse Liang. “Mais além, pessoas de dentro da região de inundações tendem a suspeitar mais dos outros, mas retém um nível maior de confiança nas instituições e organizações – governos ou o exército, por exemplo. Essas conclusões são amplamente mantidas quando variáveis comparativas e análises de regressão são aplicadas, ou quando a migração populacional é considerada”.

Em outras palavras: depois de um desastre ambiental, as pessoas de dentro da região de inundações do Rio Amarelo não apenas tendem a valorizar o homem sobre a mulher em todos os aspectos sócio econômicos e também fazer da religião uma parte mais integral de suas vidas, como aqueles da área que se mudam para fora dela mantém esses hábitos e crenças.

“Este paper demonstra que, a longo prazo, os choques econômicos têm a capacidade não só de mudar o comportamento das pessoas, mas reforçar essa mudança e fazê-la perdurar”, disse Liang. “Eu acredito que esses resultados têm grande importância para a compreensão das causas de diferenças culturais entre regiões, de uma perspectiva econômica. E eles podem nos ajudar a entender alguns dos problemas atualmente enfrentados pela YRFR, como por exemplo a discriminação regional e de gênero”.

O Rio Amarelo, também conhecido como Huang He ou Huang Ho, é o segundo maior da China e o sexto maior do mundo, medindo 5464 km, e tem uma bacia de 752 mil quilômetros quadrados (km²). É de grande importância para a economia chinesa, pois o seu vale tem terras férteis, bons pastos e importantes jazidas minerais.

A região, no entanto, é propensa a inundações causadas pelas cheias do rio. Em 1887, o rio inundou diversos diques na província de Henan, cobrindo de água uma área de 130 mil km². Além deste episódio, outra inundação, em 1938, foi causada pelo governo nacionalista da China na segunda metade da guerra do país contra o Japão: considerado o maior caso de ataque ambiental causado pela mão humana na história, o objetivo era impedir o rápido avanço das tropas japonesas na região.

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