G1
Resultados oficiais serão divulgados na segunda-feira; atual mandatário cantou vitória após campanha que prometeu estabilidade em meio a sombra da guerra na Ucrânia. O presidente sérvio e candidato presidencial Aleksandar Vucic reage após os resultados da eleição presidencial, em Belgrado, Sérvia, em 3 de abril de 2022Antonio BronicO presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, reivindicou neste domingo (3) uma vitória esmagadora nas eleições presidenciais, nas quais se apresentou como a garantia da estabilidade sob a sombra da guerra na Ucrânia."Recebi 2.245.000 dos votos no primeiro turno", afirmou o mandatário durante um discurso, o que seria equivalente a cerca de 60% dos votos.A votação, atrapalhada por alguns incidentes relatados por ONGs e pela oposição, foi convocada para eleger 250 deputados e vereadores, além do presidente.Os resultados oficiais devem ser anunciados na noite de segunda-feira (4), mas Vucic mostrou confiança mesmo antes do fechamento das urnas, garantindo que uma contagem não seria necessária."Estou satisfeito que um grande número de pessoas votou e mostrou a natureza democrática da sociedade sérvia", disse Vucic em mensagem televisionada.À noite, a Comissão Eleitoral estimou que a participação teria chegado a 60% dos eleitores.De acordo com as pesquisas mais recentes, o partido de centro-direita SNS do chefe de Estado deve confirmar o controle do Parlamento. E o presidente aparece como o favorito para o segundo mandato neste país tradicionalmente próximo à Rússia.O presidente russo Putin se reúne com seu colega sérvio Vucic em SochiSputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin via ReutersA invasão da Ucrânia por parte da Rússia no fim de fevereiro alterou o curso da campanha eleitoral que, segundo analistas, seria concentrada no meio ambiente, corrupção e direitos dos cidadãos.Vucic, acusado de autoritarismo por seus rivais, tirou proveito da instabilidade provocada pela guerra e se apresentou como o único candidato capaz de administrar o país no meio da crise.Durante a campanha, o presidente criou um novo slogan: "Paz. Estabilidade. Vucic".Guerra e sançõesEm um país que já foi considerado um pária, as memórias das guerras que provocaram a desintegração violenta da Iugoslávia e das sanções econômicas que afetaram a classe média continuam muito presentes.As pessoas preferem um líder que promete estabilidade a arriscar uma mudança", declarou Zoran Stojiljkovic, professor de Ciências Políticas em Belgrado."As grandes crises, ao menos a curto prazo, favorecem quem já está no poder. Geram incerteza, medo e esperança de que o sistema garantirá ao menos a segurança básica", acrescenta.Há alguns meses, a oposição parecia ter avançado nas pesquisas. Em janeiro, Vucic anulou um polêmico projeto para uma mina de lítio que provocou protestos de dezenas de milhares de pessoas.O recuo surpreendeu para um homem que não costuma mudar de posição após uma década no poder, como vice-primeiro-ministro, chefe de Governo ou presidente.A oposição torce por uma elevada taxa de participação neste domingo que leve a disputa para o segundo turno. As pesquisas apontavam o general da reserva Zdravko Ponos, um candidato surpresa da oposição pró-Europa, como principal adversário de Vucic.Pró-russos"Espero que a votação seja o sinônimo de mudança séria na Sérvia", disse Ponos. "Acredito em um futuro radiante e as eleições são uma boa maneira de mudar a situação".Mas os analisas não esperam grandes mudanças em relação ao Parlamento atual, controlado quase por completo pela coalizão favorável a Vucic.Na Sérvia, muitos apoiam a guerra do Kremlin, incluindo alguns partidos da oposição. E aqueles que não apoiam, não falam em voz alta por medo de afastar os eleitores pró-Moscou.Além disso, Vucic tem outras armas. Em seu mandato, ele intensificou a influência em todos os níveis do poder e controla de fato as instituições, assim como quase todos os meios de comunicação.Antes da campanha eleitoral, o presidente anunciou subsídios e os críticos o acusaram de comprar votos.