Um ex-seminarista da Igreja Católica, Djalma Feliciano Ferreira Júnior, decidiu denunciar, nesta terça-feira (14), supostos romances e tentativas de casos de religiosos da Arquidiocese de Natal. Ele ainda acusou o Arcebispo, Dom Jaime Vieira Rocha, de assédio.
"Certo dia ele me chamou pra ir na casa dele para conversar sobre essas situações [casos de outros padres] e, no escritório dele, me assediou. Pegou nas minhas partes íntimas. Posteriormente isso continuou por telefone e Whatsapp", revelou.
De acordo com o ex-seminarista, seu processo de ordenação estava com Padre Júlio Cezar, o mesmo que foi afastado da Arquidiocese na última semana após ser revelado um caso com um homem casado. "O próprio Padre Júlio também me assediou", contou Djalma.
Após nove anos esperando sua ordenação como padre, o ex-seminarista conta que foi dispensado do Seminário de São Pedro "sem motivos". "Quando cheguei ao final do meu seminário, sem nenhum problema moral, o reitor, acobertando toda essa situação, disse que eu não tinha vocação e me mandou embora", relatou.
Além da denúncia feita contra o Arcebispo Dom Jaime, outros dois dos principais nomes da Arquidiocese de Natal também foram citados pelo ex-seminarista: o vigário Geral da Arquidiocese de Natal, padre Paulo Henrique da Silva, reitor do Seminário de São Pedro, e o padre José Valquimar Nogueira do Nascimento. Eles são acusados de manter relacionamentos amorosos e de acobertar os casos, respectivamente.
Djalma Júnior revelou ter prints, áudios e gravações de conversas que comprovam as acusações. Ele deve levar as denúncias ao conhecimento de Dom Giambattista Diquatro, o núncio apostólico (espécie de embaixador do Vaticano) no Brasil.
Após as denúncias feitas por Djalma Júnior, padres da Arquidiocese de Natal se pronunciaram e defenderam Dom Jaime. Em nota divulgada, eles declararam "apoio e amizade filial" ao Arcebispo. Confira:
A Arquidiocese de Natal também emitiu uma nota de esclarecimento sobre o caso. Confira:
"A Arquidiocese de Natal tomou conhecimento das acusações do ex-seminarista Djalma Feliciano Ferreira Júnior direcionadas a alguns membros do clero.
Considerando a gravidade do assunto, a Arquidiocese também informa que a Nunciatura Apostólica no Brasil foi devidamente comunicada do ocorrido.
Djalma foi aluno do Seminário São Pedro no período de 2011 a 2019, tendo sido desligado após análise feita pela equipe de formação da instituição.
A primeira avaliação ocorreu em 2019. Em seguida, foram oferecidas outras oportunidades, mas nenhuma alcançou o conceito necessário para o ingresso no sacerdócio.
Na última sexta-feira, dia 10 de junho, o processo foi encerrado e o senhor Djalma Júnior recebeu o comunicado da inviabilidade da ordenação.
O Seminário São Pedro tem sido no transcorrer de mais de um século, responsável pela formação do clero. Ali, também, formaram-se inúmeros jovens leigos que não foram ordenados, mas que trilharam caminhos diferentes no exercício das mais diversas profissões, enriquecendo, assim, a família humana e a sociedade potiguar de valores humanos que transcendem à missão primária do referido Seminário.
Nunca é demais recordar que o Ministério Sacerdotal é uma vocação específica pertencente à Igreja, a Comunidade do Povo de Deus. Trata-se de um Ministério acessível aqueles que, segundo as normas e critérios estabelecidos pela própria Igreja, são chamados e designados presbíteros ou bispos pela própria Igreja.
Não se trata, portanto, de um direito reconhecido e dado ao candidato, mas de um Dom, que se faz Serviço ao Povo de Deus numa determinada Igreja particular.
Considerando o bem da Igreja – Povo de Deus -, a tutela e a promoção da verdade, A Arquidiocese comunica ainda que apurará acuradamente o conteúdo das acusações".
Fonte: Novo Noticias / Blog de Gustavo Negreiros