PEC da Transição Ă© enviada com Bolsa FamĂ­lia fora do teto por 4 anos

Medida Ă© negociada pelo governo eleito para bancar pagamento dos R$ 600 do Bolsa FamĂ­lia e outros benefĂ­cios

Por Rogerio Magno em 29/11/2022 às 10:00:29
Proposta foi formalizada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI) - Foto: Jefferson Rudy / Senado

Proposta foi formalizada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI) - Foto: Jefferson Rudy / Senado

O senador Marcelo Castro (MDB-PI) protocolou nesta segunda-feira 28 o texto da PEC (proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que autoriza o governo do presidente eleito, Luiz InĂĄcio Lula da Silva (PT), a excluir as despesas com o programa Bolsa FamĂ­lia do teto de gastos pelo perĂ­odo de quatro anos.

O texto também prevĂȘ a realização de investimentos fora do limite em caso de arrecadação de receitas extraordinĂĄrias. Na prĂĄtica, a proposta não tem valor especĂ­fico para essas despesas, mas estimativas do próprio PT apontam para um gasto extrateto de até R$ 198 bilhões com a PEC.

A medida é negociada pelo governo eleito para conseguir manter o benefĂ­cio mĂ­nimo de R$ 600 do Bolsa FamĂ­lia a partir de 1Âș de janeiro, instituir o pagamento adicional de R$ 150 por criança de até seis anos e honrar outros compromissos de campanha do petista, como o aumento do salĂĄrio mĂ­nimo e a retomada de investimentos.

Apesar de o texto apresentado prever a retirada do Bolsa FamĂ­lia do teto de gastos por quatro anos, integrantes da equipe de transição jĂĄ admitem negociar uma série de pontos, como uma redução para dois anos.

A cĂșpula do Congresso indicou que a PEC só tem chances de ser aprovada com validade de dois anos, e interlocutores do governo eleito também admitem ceder nesse ponto.

Outro ponto em negociação é fixar no texto da PEC da Transição o limite exato para gastos extras no ano de 2023. O formato é defendido por alguns parlamentares e também tem a simpatia do grupo de economia na transição.

A referĂȘncia atual para esse valor é o cĂĄlculo de R$ 150 bilhões feito pelo time da transição. Um gasto adicional neste montante manteria constante a relação entre despesa e PIB (Produto Interno Bruto). A conta atual é de que esse nĂșmero deve ficar em 19% neste ano, enquanto o Orçamento de 2023 foi enviado prevendo com 17,6%.

Castro, que também é relator do Orçamento de 2023, afirmou nesta segunda que "tudo isso vai ser fruto de intensas negociações" e que a proposta inicial, que não estipulava prazo para a exclusão de despesas do teto, foi revista "devido a muitas reações" do Congresso.

"Inicialmente havia a ideia de ser perene a excepcionalização do teto de gastos do Bolsa FamĂ­lia, mas, devido a muitas reações, chegou-se à proposta de quatro anos", declarou na chegada ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede da transição.

"É claro que tudo isso vai ser fruto de intensas negociações, e quem cobre o Congresso Nacional sabe que dificilmente uma matéria entra no Congresso e sai da mesma maneira", disse. "Nós combinamos com lĂ­deres que nós darĂ­amos entrada e, à medida que a PEC for tramitando na Comissão de Constituição e Justiça, nós vamos então buscando um texto comum."

O lĂ­der do PT no Senado, Paulo Rocha (PT-PA), também disse nesta segunda que o PT estĂĄ "disposto a conversar". "A PEC vem com a proposta de quatro anos, e nós estamos dispostos a buscar a mediação. O Lula estĂĄ tomando essas iniciativas, inclusive de vir conversar, para valorizar a boa polĂ­tica e o Parlamento brasileiro", afirmou.

Uma PEC precisa da assinatura de 27 senadores, um terço da Casa, para começar a tramitar. Castro afirmou que as assinaturas serão apresentadas até esta terça 29.

A minuta inicial da proposta, apresentada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), previa a retirada do AuxĂ­lio Brasil —que voltarĂĄ a ser chamado de Bolsa FamĂ­lia— da regra fiscal por tempo indeterminado. No texto protocolado nesta segunda, a lógica foi mantida, mas o prazo foi ajustado para quatro anos.

Outros pontos apresentados no dia 16 foram mantidos. O texto da PEC permite, por exemplo, a destinação de uma parcela das receitas extraordinĂĄrias (obtidas, por exemplo, com bônus de assinatura de leilões de petróleo) para custear investimentos pĂșblicos fora do teto de gastos. O argumento é que essa despesa teria uma espécie de lastro fiscal, ou seja, só seria realizada mediante o excesso de arrecadação.

A proposta, porém, estipula um limite para essa parcela, equivalente a 6,5% do excesso de arrecadação verificado em 2021 —o que resulta em um valor de até R$ 23 bilhões.

Com a PEC, o PT pretende resolver o imbróglio da falta de verbas em 2023 e ganhar tempo para discutir a nova regra fiscal que substituirĂĄ o teto de gastos.

Fonte: Portal Agora RN

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