Proporção de pessoas com algum grau de pobreza cai 28,7% em dez anos no RN

Por Rogerio Magno em 25/08/2023 às 18:25:42
Pobreza reduziu em dez anos no RN (Foto: reprodução)

Pobreza reduziu em dez anos no RN (Foto: reprodução)

O IBGE segue na divulgação de uma série de investigações experimentais que utilizam informações levantadas nas edições da Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF 2008-2009 e 2017-2018 e que retratam e possibilitam a análise da qualidade de vida no Brasil. A partir dos orçamentos domésticos e outros indicadores não monetários foi possível desenvolver índices de perdas de qualidade de vida, os quais já foram explorados em junho deste ano na divulgação que apresentou o índice de perda de qualidade de vida (IPQV) e o índice de desempenho socioeconômico (IDS).

Agora, a investigação buscou mensurar a pobreza e a vulnerabilidade no Brasil em uma abordagem multidimensional e não monetária integrada. Primeiro, foram identificados o grau de pobreza ou vulnerabilidade multidimensional com base em funções de identificação ou ligação que indiquem perdas elevadas na qualidade de vida. Depois, o cálculo dos diferentes graus de pobreza e de vulnerabilidade existentes na população e, por fim, sua agregação em medidas ou índices capazes de expressar as desigualdades na qualidade de vida. O resultado disso foi a produção de três índices: o índice de pobreza multidimensional não monetário (IPM-NM), o índice de vulnerabilidade multidimensional não monetário (IVM-NM) e o índice de pobreza multidimensional com componente relativo (IPM-CR).

No Brasil, a proporção da população que tinha algum grau de pobreza multidimensional na POF 2017-2018, foi de 22,3%, uma queda 21,9 p.p. em relação a parcela de 44,2% obtida na POF 2008-2009. No Nordeste, a proporção das pessoas com algum grau de pobreza em 2017-2018 caiu para 43,8% (-29,5 p.p.) em relação ao verificado no período 2008-2009. O Rio Grande do Norte, assim como todas as outras Unidades da Federação do Brasil, tiveram quedas na proporção de pessoas com algum grau de pobreza multidimensional se comparados os períodos. No estado potiguar, a proporção de pessoas com algum grau de pobreza saiu de 65,3% em 2008-2009 para 36,6% em 2017-2018.

Embora a variação na proporção do grau de pobreza das pessoas que residem no RN tenha apresentado uma queda acentuada em 10 anos, apenas esta informação não é capaz de fornecer dados suficientes para uma avaliação ampla a respeito da dinâmica de aspectos sociais. No índice de pobreza multidimensional não monetário (IPM-NM), que dá melhor entendimento acerca dos aspectos relacionados as desigualdades e a severidade na pobreza, o Rio Grande do Norte saiu de um de 9,5 em 2008-2009 para um IPM-NM de 4,0 em 2017-2018 e, apesar da queda, ficou na 23ª posição, se considerarmos os estados na ordem dos que tiveram uma maior queda na variação percentual deste índice. Os estados que apresentaram as maiores quedas em 10 anos foram Santa Catarina e Roraima, com variações acima de -80%, seguidos de Tocantins, Paraná, Sergipe e Distrito Federal com variações entre -75 e -80%.

Impacto negativo

Quanto à importância de determinada dimensão nos resultados do índice de pobreza multidimensional não monetário (IPM-NM), calculou-se a contribuição percentual do efeito marginal de cada dimensão na soma dos efeitos marginais de todas as dimensões, para melhor compreender o impacto deles. O efeito marginal mediu o impacto ou importância de uma dimensão. Assim, nas dimensões com maiores contribuições, as perdas de qualidade impactaram mais negativamente no IPM – NM. As seis dimensões utilizadas foram (1) Moradia; (2) Acesso aos serviços de utilidade pública; (3) Saúde e alimentação; (4) Educação; (5) Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida; e (6) Transporte e lazer.

Em 2017-2018, "Saúde e Alimentação" e "Acesso aos serviços financeiros e padrão de vida" foram as categorias que tiveram mais importância na composição dos efeitos marginais para o IPM-NM do Rio Grande do Norte com percentuais de 18,9% cada. O indicador de acesso aos serviços financeiros também foi o mais impactante para o IPM-NM Brasil (19,2%). Continuando a análise das dimensões do índice no RN, "Educação" representou 18,7%, seguido de "Acesso aos serviços de utilidade pública" com 14,9%, "Transporte e Lazer" com 14,5% e "Moradia" com 14,2% do total dos efeitos marginais observados no resultado do IPM –NM no estado. Em 2008-2009, o maior impacto negativo do IPM-NM potiguar era a categoria de "Transporte e Lazer" que chegou a contribuir com 21,2% do índice.

Quanto ao índice de pobreza multidimensional com componente relativo (IPM-CR), que mensura o fenômeno da pobreza identificando grupos com maior ou menor grau dessa pobreza, o RN apresentava um índice de 19,3 em 2008-2009 e de 16,3, dez anos depois, em 2017-2018. Isso o tirou da 10ª posição entre os estados com o maior IPM-CR para a 15º em 2017-2018. No Brasil esses índices foram de 15 e 12, nos respectivos períodos.

Já ao observarmos a população do RN com algum grau de vulnerabilidade multidimensional, que é uma medida mais abrangente e que inclui o subconjunto daquelas com algum grau de pobreza, quase a totalidade dos residentes no estado tinha algum grau de vulnerabilidade em 2008-2009 (96,2%). Esta proporção caiu para 81,9% em 2017-2018, porém ainda é um valor muito elevado, bem acima da média nacional pra o mesmo período. No Brasil, essa proporção era de 81,7% em 2008-2009 e de 63,8% em 2017-2018. Com esses dados, pode-se calcular o índice de vulnerabilidade multidimensional não monetário (IVM-NM) que, no RN, foi de 19,8 em 2008-2009 e reduziu para 11,7 em 2017-2018. No Brasil este mesmo índice era de 14,5 em 2008-2009 passando para 7,7 em 2017-2018.

Entre as dimensões que mais impactavam os índices IVM-NM e IPM-CR em 2008-2009 destacou-se a de "Transporte e Lazer" passando a ser a de "Educação" em 2017-2018 para ambos. Abaixo, uma comparação com a síntese da contribuição percentual das dimensões para o total dos efeitos marginais de cada índice apresentado nesta pesquisa.


Fonte: Blog do Barreto

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