Conversão de republicanos aliados de Trump é tardia

Por Rogerio Magno em 11/01/2021 às 08:07:48
Políticos que agora abandonam o presidente fecharam os olhos aos impulsos radicais propagados por ele nos últimos quatro anos. Mike Pence durante sessão no Congresso dos EUA para certificar a vitória de Biden nas eleições americanas.

J. Scott Applewhite/Pool via REUTERS

No apagar das luzes de um governo derrotado, o presidente Donald Trump está sob ameaça concreta de um segundo processo de impeachment e testemunha a debandada de membros do Gabinete e aliados republicanos, empenhados agora em marcar distância do líder que bajularam nos últimos quatro anos.

A deserção maciça de seus soldados, como reflexo da invasão do Capitólio, da perda do controle republicano no Senado e da erosão do partido, contudo, chega tarde. Expõe também o oportunismo dos que antes se mostraram coniventes e até propulsores das teorias da conspiração disseminadas por ele.

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Chutar cachorro morto, no caso o presidente americano, tornou-se conveniente, mas não isenta os ex-aduladores de responsabilidade pelos danos sistemáticos às instituições que caracterizaram este governo.

O vice-presidente Mike Pence e o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, pularam fora do barco de Trump pouco antes do fatídico ataque ao Congresso, embora tenham passado quatro anos com os olhos vendados aos seus desatinos. Ambos demoraram a reconhecer a vitória de Joe Biden e fizeram eco às bravatas do presidente de que a eleição foi fraudada.

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Pence é caçado agora como traidor pelos extremistas que apoiam Trump, por ter resistido à pressão para subverter o resultado eleitoral. A hashtag “HangMikePence” (enforque Pence) teve de ser banida das redes sociais.

O senador Lindsey Graham agiu como cão de guarda de Trump e defendeu seus impulsos mais radicais até bradar “Basta!” no plenário do Senado atacado. A conversão tardia, porém, lhe custou caro: foi perseguido e xingado no saguão de um aeroporto por fanáticos trumpistas.

Partidários que renunciam a Trump fizeram vista grossa quando ele igualou os supremacistas brancos e grupos anti-extremistas nos protestos de Charlottesville, na Virgínia, ou quando se recusou a condenar o grupo de ultradireita “Proud Boys”, no primeiro debate eleitoral com Biden.

Na quarentena imposta pela pandemia, o presidente insuflou seus seguidores a resistir aos bloqueios decretados por governadores democratas. “Libere Michigan, libere Minnesota, libere a Virginia”, instigou pelo Twitter, radicalizando protestos nesses estados. Os republicanos aplaudiram.

Em sua carta de demissão, a secretária de Educação, Betsy DeVos, associou a retórica do presidente ao caos no Capitólio como um ponto de inflexão pessoal. Esposa do senador McConnell, a secretária de Transportes, Elaine Chao, se disse profundamente incomodada pela violência e deixou o governo.

Durante quatro anos, os que ousaram criticar o presidente americano, foram considerados detratores -- demitidos e ofendidos pelo Twitter. No Gabinete, os que saem agora se mostram constrangidos por terem se associado a ele ou debandam simplesmente para não ter que enfrentar a decisão de removê-lo do cargo. Levarão muito tempo para livrar-se da marca Trump.

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Fonte: G1

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