Alexei Navalny, principal opositor de Putin na Rússia, tem saúde debilitada na prisão, diz advogada

Por Rogerio Magno em 25/03/2021 às 13:41:53
Segundo a defensora do ativista preso pelo governo russo, Navalny reclama de fortes dores nas costas e pernas, além de denunciar que seu cliente tem privação do sono pelos guardas da instituição. Alexei Navalny antes de audiência sobre a sua prisão em 20 de fevereiro de 2021 em um tribunal de Moscou

Maxim Shemetov/Reuters

Alexei Navalny – o principal político de oposição ao governo de Vladimir Putin na Rússia – está com sua saúde debilitada na prisão, disse nesta quinta-feira (25) sua advogada, Olga Mikhailova.

"Para mim, seu estado de saúde é, claro, extremamente problemático", afirmou em entrevista à televisão russa. "Todos tememos por sua vida e por sua saúde."

Segundo a defensora do ativista preso pelo governo russo no começo do ano, Navalny se queixou de dores nas costas e pernas durante uma visita.

"Na minha opinião, ele está em péssimo estado de saúde com fortes dores nas costas e na perna direita. Ele praticamente não a sente", disse Mikhailova.

Quem é Alexei Navalny?

Além disso, a defesa de Navalny denunciou que seu cliente tem sofrido privação do sono pelos guardas da instituição, o que eles classificaram como uma tortura.

Em um comunicado divulgado pelos advogados, Navalny diz ter pedido que as autoridades prisionais autorizassem a visita de um médico de fora da instituição, mas que teve seu pedido negado.

Yulia Navalnaya, esposa do ativista, disse em uma rede social que seu marido precisa de cuidados médicos e que o que estão fazendo com ele na cadeia é "vingança".

Foto sem data publicada em 25 de março de 2021 mostra Navalny e esposa Yulia

Reprodução/Instagram/@yulia_navalnaya

Colônia penal

No fim de fevereiro, Navalny foi transferido para uma colônia penal para cumprir a pena de dois anos e meio de prisão.

"Ele foi transferido para o local onde deveria estar por decisão do tribunal", disse Alexander Kalashnikov, diretor do Serviço Prisional Federal da Rússia. "Sua vida não está ameaçada."

Navalny "cumprirá sua sentença em condições absolutamente normais", disse Kalashinikov, antes de indicar que "se desejar, ele participará das atividades de produção".

Vista geral da Colônia Penal nº 2, onde Alexei Navalny revelou estar detido, na cidade de Pokrov, na Rússia, em foto de 28 de fevereiro

Reuters/Tatyana Makeyeva

Prisão é considerada perseguição política

Navalny foi preso pela polícia ao chegar no aeroporto de Moscou, em janeiro de 2021.

A Justiça o condenou por um caso de fraude de 2014. O próprio Navalny, os governos de vários países e ONGs consideram que o julgamento teve motivação política.

Navalny é um ativista anticorrupção. Ele é considerado o principal crítico de Putin. Ele tem milhões de seguidores nas redes sociais e publica informações que, segundo ele, revelam a profundidade da corrupção na Rússia de Putin.

Veneno na cueca

Em agosto de 2020, Navalny passou mal durante um voo da Sibéria para Moscou. O avião pousou, e ele foi levado a um hospital.

De lá, foi transportado de avião para Berlim e tratado lá enquanto era mantido em coma induzido.

O governo alemão disse que Navalny foi envenenado por uma sofisticada substância conhecida como Novichok, o que reforça as suspeitas de que o Estado russo esteja por trás do envenenamento.

Conhecidas como agentes neurotóxicos, essas substâncias são usadas em pó ou em forma líquida. E são tão perigosas que só podem ser fabricadas em laboratórios avançados, que são em grande maioria de propriedade de governos, ou controlados por eles.

Inicialmente, acreditava-se que o envenenamento teria ocorrido por meio do chá que Navalny bebeu no dia. No entanto, depois que se recuperou, ele rastreou os indivíduos que acreditava terem participado do atentado.

Passando-se por uma autoridade da área de segurança, Navalny teria conseguido enganar um expert em armas que teria admitido que o caso foi mesmo de envenenamento. E a maior parte do agente químico teria sido plantada na cueca dele. O governo russo negou novamente as acusações.

Pressão internacional

Em um encontro da ONU nesta sexta-feira (12), 45 países, incluindo os Estados Unidos, pediram à Rússia que liberte Navalny, dizendo que sua prisão era ilegal e uma investigação sobre seu envenenamento no ano passado.

Em uma declaração lida pela Polônia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, os países disseram que as ações das autoridades russas contra o líder da oposição eram "inaceitáveis ??e politicamente motivadas".

Os 45 países eram principalmente europeus, mas também incluíam Austrália, Canadá e Japão.

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Fonte: G1

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