ONU adverte que Mianmar pode ser a próxima Síria

Por Rogerio Magno em 13/04/2021 às 11:25:08
'Há ecos claros de 2011 na Síria. Lá também vimos manifestações pacíficas reprimidas com força desnecessária e completamente desproporcional', afirma alta comissária para Direitos Humanos. Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, durante discurso em junho de 2020

Denis Balibouse/Reuters

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse nesta terça-feira (13) temer que Mianmar afunde em um conflito generalizado, como a Síria, e alertou sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos contra a população pela junta militar que deu um golpe de estado.

"Há ecos claros de 2011 na Síria. Lá também vimos manifestações pacíficas reprimidas com força desnecessária e completamente desproporcional", afirmou Bachelet em um comunicado.

A alta comissária disse que "a repressão brutal e persistente do Estado contra seu próprio povo levou algumas pessoas a pegarem em armas, o que foi seguido de uma espiral de violência em todo país".

"Temo que a situação em Mianmar se dirija para um conflito generalizado. Os Estados não devem permitir que os erros fatais cometidos na Síria e em outros lugares se repitam", afirmou Bachelet.

Mianmar vive uma onda de protestos e de repressão violência contra manifestantes desde o golpe militar de 1º de fevereiro, que derrubou o governo eleito e prendeu o presidente do país, Win Myint, e a prêmio Nobel da Paz de 1991, Aung San Suu Kyi.

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Levantamento Associação de Assistência a Presos Políticos (AAPP) aponta que a repressão aos protestos já deixou mais 700 mortos em Mianmar, incluindo 50 crianças. Cerca de 3 mil pessoas foram presas.

Os generais que tomaram o poder reprimem cada vez mais o movimento pró-democracia, que levou milhares de birmaneses às ruas e deflagrou greves em diversos setores da economia.

"Assistimos a mais um fim de semana sangrento, coordenado em muitas áreas do país, incluindo o massacre de pelo menos 82 pessoas em Bago entre sexta-feira e sábado", lembrou Bachelet.

"Os militares parecem determinados a intensificar sua impiedosa política de violência contra o povo birmanês, usando armas potentes e de modo indiscriminado", lamentou a alta comissária da ONU.

Bachelet afirmou que 23 pessoas foram condenadas à morte em julgamentos secretos, sendo quatro manifestantes, e os golpistas têm usado granadas de fragmentação, morteiros e ataques aéreos contra civis.

Um homem que foi baleado durante uma repressão das forças de segurança às manifestações contra o golpe militar em Mianmar é levado para um local seguro no município de Hlaing Tharyar, em Yangon, neste domingo (14)

AFP

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Fonte: G1

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