A investigação foi liderada por pesquisadores da Universidade de Stanford, Escola de Medicina de Utah e do Instituto do Coração do Centro Médico Intermountain.
Existem quatro tipos principais de sangue: A, B, AB e O. Para investigar a suscetibilidade e severidade da Covid-19 no sangue, os pesquisadores analisaram amostras de 107.796 indivĂduos diferentes que realizaram teste PCR nos hospitais e clĂnicas pertencentes a Intermountain. Em casos de mĂșltiplos testes, os especialistas levaram em consideração apenas o primeiro teste com resultado positivo ou negativo dos participantes.
Para analisar a associação entre o grupo sanguĂneo ABO e a incidĂȘncia da doença, foram comparados amostras sanguĂneas de testes que deram positivo e negativo para a presença de Covid. Entre os positivos, foram feitas anĂĄlises entre as amostras de pacientes hospitalizados e não hospitalizados, assim como os pacientes que estavam ou não na UTI.
Em julho de 2020, o jornal cientĂfico "New England Journal of Medicine" publicou um estudo que sugeria que aqueles que tinham sangue tipo A eram mais propensos a ter a forma grave da doença, enquanto aqueles com tipo O eram menos propensos. Um estudo chinĂȘs, publicado em maio do mesmo ano, jĂĄ havia sugerido essa relação.A base de dados utilizada nos estudos anteriores difere da investigação atual. Cientistas na ItĂĄlia, Espanha, Dinamarca, Alemanha, entre outros paĂses, compararam cerca de 2 mil pacientes em estado grave de Covid-19 com milhares de outras pessoas saudĂĄveis ou que apresentavam apenas sintomas leves ou inexistentes.
Segundo os pesquisadores, os estudos anteriores podem ter chegado a diferentes conclusões devido ao "tamanhos de amostra menores e a natureza retrospectiva e observacional".
O grupo também defende que o "gene ABO é altamente polimórfico e os grupos sanguĂneos ABO são distribuĂdos de forma diferente entre ancestrais e geografias", o que explicaria a incidĂȘncia maior de um tipo sanguĂneo em uma determinada região.
Tipo sanguĂneo não afeta nas chances de contaminação
De acordo com o estudo, os pesquisadores não identificaram quaisquer relação entre o tipo sanguĂneo e as chances de contrair a Covid-19, assim como também foram eliminadas as hipóteses de o fator agravaria a severidade da doença.
"O tipo sanguĂneo não foi associado à suscetibilidade ou gravidade da doença, incluindo positividade viral, hospitalização ou admissão na UTI", afirmam os autores no estudo.
Resultados evidenciaram que, comparado com o sangue do tipo O, o tipo A não foi associado ao aumento da positividade viral, hospitalização ou admissão na UTI. "Da mesma forma, os tipos B e AB não foram associados a resultados piores do que o tipo O."
Homens são maioria entre os contaminados pela Covid
Apesar de não ter sido identificada relação entre o grupo sanguĂneo ABO e a Covid, outras caracterĂsticas demogrĂĄficas ficaram em evidĂȘncia após a anĂĄlise.
A maioria dos indivĂduos testados foram mulheres. Ao todo, elas representam 76,9% da base de dados. Entre os pacientes com Covid, entretanto, os homens são os mais hospitalizados (50,1%) e também entre os casos de internação nas UTIs (61,8%).
A idade média entre os pacientes hospitalizados foi de 57 anos e nas UTIs, 60 anos.